Polícia Federal deixa Tribunal de Justiça sob chuva com apreensão de documentos

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Após uma incursão de 3 horas e meia, uma equipe da Polícia Federal (PF) deixou o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), em Campo Grande, na manhã desta quinta-feira (8), carregando consigo dois malotes de documentos, em meio a uma intensa precipitação.

Chegando por volta das 6 horas da manhã em viaturas descaracterizadas, os agentes se dirigiram ao gabinete do desembargador Divoncir Schreiner Maran, que está sob investigação por supostas "transações suspeitas", corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As ações fazem parte da Operação Tiradentes, conduzida pela PF em colaboração com a Receita Federal, com autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Divoncir também foi afastado de suas funções públicas, estando sujeito a uma possível prisão preventiva.

O desembargador está sob escrutínio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) devido a uma decisão judicial que resultou na libertação do narcotraficante Gerson Palermo, sentenciado a 126 anos de prisão.

Em 21 de abril de 2020, durante o início da pandemia de COVID-19 e no feriado de Tiradentes, Palermo foi considerado parte do grupo de risco para a doença e foi autorizado a cumprir prisão domiciliar, com monitoramento eletrônico, graças a uma liminar concedida durante o plantão de Divoncir.

No dia seguinte, em 22 de abril, o desembargador Jonas Hass Silva Júnior, relator do caso, revogou a decisão liminar e restabeleceu a prisão de Palermo. Porém, apenas oito horas após obter o benefício da prisão domiciliar, o líder do tráfico cortou a tornozeleira eletrônica e desapareceu. Desde então, ele permanece foragido, enquanto o CNJ investiga a legalidade da decisão de Divoncir.

Além disso, outra linha de investigação, que culminou na operação realizada hoje, examina uma possível "confusão patrimonial".

Segundo a Receita Federal, "dada a suspeita de conduta criminosa, as investigações foram expandidas, revelando novos suspeitos, que apresentaram indícios de envolvimento em atividades visando ocultar ou esclarecer uma suposta confusão patrimonial".

Em um diagrama, a Receita menciona o envolvimento de um magistrado, familiares, sócios, laranjas e transações suspeitas. Ao todo, nove mandados de busca foram emitidos em Campo Grande e Bonito. Além dos gabinetes, a operação da PF também incluiu escritórios de advocacia. As buscas nesses locais foram acompanhadas por uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB/MS). A operação envolveu nove auditores-fiscais e analistas tributários da Receita Federal, além de 46 agentes da Polícia Federal.

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