Já parou para pensar na efemeridade dos títulos? Na volubilidade dos cargos? Pois eu parei, meus caros leitores. E, confesso, o que vi não me surpreendeu, mas me fez refletir. 

A vida, essa eterna roda gigante, às vezes nos coloca em assentos de destaque, lá no alto, de onde a vista parece infinita. Um cargo temporário, um título pomposo, e de repente, nos sentimos os donos do mundo. Esquecemos, no entanto, que a roda gira, e a descida é inevitável.

Como um ator que se perde no personagem, alguns se deixam definir pelo crachá, pela sala com vista, pelo poder efêmero. Esquecem-se das raízes, dos valores que os trouxeram até ali. O colega que outrora era parceiro, agora parece descartável, um degrau já superado. 

Ledo engano!

O caráter não tem prazo de validade, não está sujeito a exoneração nem precisão de nomeação. Ele sobreviveu ao tempo, às mudanças e até mesmo às ingratidões.

O mundo, sábio e implacável, gira e ensina. Status, glamour, posições de destaque, tudo isso é miragem no deserto. O que permanece, o que ecoa através do tempo, é o caráter, a palavra honrada, o compromisso inabalável. São essas as moedas que verdadeiramente valem na sociedade.

Pense no professor, no médico, no artista. Profissões que transcendem cargos e títulos. Eles são o que são, independentemente da conjuntura. Respeitados pela dedicação, pela paixão, pela excelência no que fazem. A essência não se perde na transitoriedade do momento.

Não deixe que a vida, com suas reviravoltas, ou as pessoas, com seus julgamentos, definam quem você é. Seu valor não reside no que você fez ontem, nem no que os outros pensam que você pode fazer. Seu currículo é apenas um rascunho da sua história, e o futuro, esse sim, é tela em branco a ser pintada.

Amanhã, o trabalho pode ser outro, a tecnologia pode mudar tudo, a vida pode te levar por caminhos inesperados. 

E você, quem será você? 

Então, não se deixe reduzir pelo que está escrito em um contrato ou pela função que ocupa. Você é maior que isso. Seu talento não se mede pelo peso que tem, mas pelo impacto que causa. Seu valor não é o que já fez, mas não o que ainda pode fazer.

A resposta está nos seus valores, na sua essência, naquilo que te define para além dos rótulos.

E por hoje, caros leitores, deixo essa reflexão. Afinal, como diz o ditado, "atiramos no que vimos, e acertamos o que não vimos".

 

Por Alcina Reis