“Fazer leis é fácil, difícil é fazer cumprir”
- porPor Alcina Reis
- 10 de Junho / 2025
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Leis, leis, leis. Todo dia surge uma nova. É lei contra ligação indesejada, é lei contra som alto, é lei contra fogos barulhentos, é lei de proteção à mulher. O papel aceita tudo. Mas quem fiscaliza? Quem cumpre?
Quem aí ainda recebe ligações insistentes de telemarketing, mesmo depois de colocar o número no cadastro de bloqueio? Eu recebo todos os dias. Mato Grosso do Sul tem lei contra isso. E adianta? Não.
E os barulhentos que confundem o espaço público com a varanda da própria casa, com suas músicas altíssimas? Todo fim de semana é um teste de paciência — e às vezes termina mal: brigas, ameaças, até mortes. Sim, há lei. Mas há fiscalização? Quase nunca.
Fogos e rojões então... Basta um time vencer ou surgir uma data comemorativa e lá vem o estardalhaço. É o idoso que assusta, o paciente que sofre, o animal que se desespera. Tudo isso mesmo com leis que proíbem esse tipo de barulho. De novo: e daí?
E quando o assunto é violência contra a mulher, o cenário é ainda mais grave. Leis? Temos. Delegacias da mulher? Algumas. Mas feminicídios seguem acontecendo. Só em 2025, já são 15 em MS. E lembro bem do discurso de posse do deputado Gerson Claro, presidente da Assembleia Legislativa: disse que os homens precisam se engajar na luta contra o feminicídio, que deveríamos ter vergonha dos índices. Bonitas palavras.
Mas, deputado, falar até papagaio fala. Cadê as ações? Onde estão as campanhas, as mobilizações, os projetos de conscientização? Quando o senhor, líder de um dos poderes, reuniu homens nas ruas para dizer “basta” à violência? Nenhuma marcha, nenhum movimento real. Só o eco das boas intenções jogadas ao vento.
Está em tempo, deputado. As eleições estão chegando, e o eleitorado já não se contenta com discurso bonito. É hora de transformar palavras em ação. De fazer leis que saiam do papel, que tenham força nas ruas, que protejam de fato.
Porque, no fim das contas, o recado é simples: fazer lei é fácil. Cumprir, fiscalizar e cobrar resultado — isso é que mostra quem realmente está comprometido.
Por Alcina Reis