Estudo revela presença de Agrotóxicos na Bacia do Pantanal: Impactos e alertas

| Créditos: Reprodução/Relatório de Resíduos de Agrotóxicos no Rio Santo Antônio

Um estudo conduzido pelo Instituto SOS Pantanal apontou a presença significativa de agrotóxicos no Rio Santo Antônio, um dos afluentes fundamentais do Rio Miranda, localizado em Mato Grosso do Sul, região central da planície pantaneira.

Os resultados da pesquisa, realizada ao longo da safra de soja 2023/2024, revelaram altos níveis de contaminação por nitrato, fosfato, coliformes fecais e substâncias tóxicas. Especificamente, foi identificado o fungicida Carbendazim, proibido no Brasil desde 2022, levantando preocupações sérias devido aos seus efeitos cancerígenos e possíveis danos à fertilidade humana e animal.

Gustavo Figueirôa, biólogo e diretor de Comunicação e Engajamento do SOS Pantanal, destacou: "Essa descoberta é alarmante, pois além de afetar a fauna e a flora local, representa um risco direto para as comunidades que dependem das águas do Rio Santo Antônio para suas necessidades básicas".

Além da contaminação, o estudo ressalta a falta de práticas adequadas de conservação do solo e da água nas áreas circundantes destinadas à produção de grãos, exacerbando problemas como o assoreamento e a perda de áreas de preservação permanente.

O Instituto SOS Pantanal iniciou discussões sobre a expansão da agricultura na região pantaneira em 2022, alertando para os possíveis impactos ambientais.

Dados alarmantes sobre a comercialização de agrotóxicos em 2022 - mais de 48 mil toneladas em Mato Grosso do Sul e 176 mil toneladas em Mato Grosso - contextualizam a urgência da situação.

A contaminação por agrotóxicos não apenas ameaça a vida aquática, mas também compromete a qualidade da água para consumo humano e animal, destacando a importância crítica do Rio Santo Antônio como fonte de abastecimento para a cidade de Guia Lopes da Laguna.

O estudo faz parte do Projeto Águas que Falam, que percorreu extensivamente o Pantanal, coletando informações sobre a qualidade da água e distribuindo kits de monitoramento para comunidades locais.

Como resposta às descobertas, o estudo propõe a criação de fóruns permanentes para debater práticas conservacionistas e monitorar o uso de agrotóxicos na bacia do Rio Santo Antônio. Também recomenda uma expansão do monitoramento dos impactos dos agrotóxicos na fauna aquática, como peixes e ariranhas, essenciais para o equilíbrio ecológico da região.

Além disso, o Seminário "Mato Grosso do Sul e Aquífero Guarani: Fonte de Água e Fonte de Vida", realizado na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), abordou questões cruciais, incluindo a escassez e contaminação de água em territórios indígenas e assentamentos rurais, o papel dos órgãos de controle na redução da contaminação por agrotóxicos e a promoção da produção agroecológica como alternativa sustentável.

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