Uso de medicamentos como Ozempic pode reconfigurar consumo e impactar setores do varejo, aponta Genial

| Créditos: Sarah Alves Moura/UOL


A crescente utilização de medicamentos à base de GLP-1, como Ozempic e Wegovy, para perda de peso, possui o potencial de gerar transformações significativas em diversos setores do varejo e no sistema de saúde brasileiro. A avaliação é da Genial Investimentos, que aponta para um cenário de mudanças econômicas impulsionadas pela maior disponibilidade, queda de preços com o fim de patentes e a entrada de novos concorrentes.

A instituição financeira prevê uma possível pressão indireta sobre o varejo em geral, com um potencial redirecionamento do consumo, priorizando gastos com o tratamento em detrimento de itens não essenciais.

Entenda as Diferenças: Ozempic, Wegovy e Mounjaro

Produzidos por diferentes farmacêuticas, Ozempic (Novo Nordisk) e Wegovy (Novo Nordisk) utilizam a mesma substância ativa, a semaglutida, atuando no receptor de GLP-1. No entanto, possuem indicações e dosagens distintas. O Ozempic é focado no tratamento do diabetes tipo 2, com a perda de peso como benefício adicional, enquanto o Wegovy, com maior dosagem, é direcionado especificamente para a perda de peso em pacientes com obesidade.

O Mounjaro (Eli Lilly), por sua vez, utiliza a tirzepatida, que age tanto nos receptores GLP-1 quanto nos GIP, potencializando os efeitos no metabolismo e promovendo controle glicêmico e perda de peso mais expressivos.

Apesar dos preços elevados, o parcelamento tem facilitado o acesso a esses medicamentos.

Mercado Brasileiro e Cobertura por Planos de Saúde

Dados de 2019 indicam uma parcela considerável da população brasileira acima do peso ou com obesidade, com maior prevalência entre as mulheres.

A alta demanda por Ozempic e Mounjaro para controle do diabetes tipo 2 tem levado a pedidos de cobertura por planos de saúde, devido aos custos elevados do tratamento contínuo. A cobertura, contudo, enfrenta resistência das seguradoras, que priorizam opções mais acessíveis, já que a obrigatoriedade se restringe ao rol da ANS.

Impactos Setoriais na Bolsa:

  • Varejo Alimentar: A Genial Investimentos projeta um impacto neutro para supermercados. A possível redução no consumo de itens como snacks e ultraprocessados pode ser compensada pelo aumento na demanda por alimentos mais saudáveis. O maior risco recai sobre as indústrias de alimentos processados.
  • Varejo Farmacêutico: Um cenário positivo é esperado, especialmente a partir de 2026 com a quebra da patente do Ozempic. A entrada de genéricos deve impulsionar o volume de vendas com preços mais acessíveis e melhorar as margens, compensando um possível impacto inicial negativo no ticket médio. A demanda reprimida atual pode se tornar um forte motor de crescimento.
  • Varejo de Vestuário: O impacto deve ocorrer com um certo atraso. Inicialmente, o orçamento do consumidor pode ser redirecionado para o tratamento, afetando o consumo de vestuário. Contudo, a perda de peso resultante do tratamento pode gerar uma nova demanda por roupas em tamanhos menores, impulsionando o setor a longo prazo.

Com informações do Infomoney

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