‘Test drive’ para fusão entre partidos, federações antecipam estratégias para 2026

Cerimônia de federação entre União Brasil e Progressistas. | Créditos: Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados


A um ano do início da campanha eleitoral de 2026, os partidos políticos se movimentam para formar federações partidárias, que permitem juntar forças tanto para vencer a eleição ou fazer bancadas maiores, como para sobreviver às clausulas de barreira. O mecanismo funciona como uma espécie de “test drive” antes de uma fusão e vem sendo acionado como parte da estratégia das legendas para a disputa do ano que vem.

O União Brasil e o PP, por exemplo, anunciaram no final de abril a formação de uma super federação, que se configura como a maior força política do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores.

O grupo conta ainda com o maior número de governadores e prefeitos do país, mas enfrenta divergências internas entre as duas legendas e, em alguns casos, dentro até do mesmo partido. A disputa é principalmente pelo comando da federação nos estados.

Segundo o cientista político e professor do Insper Leandro Consentino os dois partidos vão precisar acertar os ponteiros em todos os colégios eleitorais para lançar candidaturas únicas. “Imagine que já havia gente em determinados estados do União Brasil e do Progressistas com candidaturas postas. Não vão poder lançar dois candidatos e isso dificulta a vida de muita gente”, afirma.
Outros partidos que anunciaram federações foram PSD e Solidariedade, e PSB e Cidadania. MDB e Republicanos estão em fase de tratativas. Já as articulações para a federação entre PSDB e Podemos não avançaram até agora.

Segundo Consentino, a federação é uma espécie de “test drive” para os partidos. “É uma ideia intermediária para os partidos que ainda não tem certeza de que deveriam se fundir ou visariam uma fusão, tivessem uma espécie de ensaio ali de caminhar em conjunto. Então a ideia toda é você caminhar em conjunto tanto no ponto de vista dos processos eleitorais quanto da vida parlamentar”, explica.

No entanto, de acordo com o cientista político, se não der certo esse casamento, é possível se separar apenas no fim do mandato. “É meio de caminho, um ensaio para uma eventual fusão no futuro”, acrescenta o professor.

A federação é diferente da coligação, pois a coligação só vale para o período eleitoral.

Atualmente, só existem três federações oficializadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE): Federação Brasil da Esperança, formada pelo PT, PC do B e PV; Federação PSDB e Cidadania, que na prática já está desfeita, embora não oficialmente; e Federação PSOL REDE.

As outras devem ser registradas no período de até 6 meses antes da eleição, de acordo com resolução do TSE.

De acordo com Consentino, a federação pode fortalecer ainda mais partidos que já tem relevância eleitoral, como União e PP, por exemplo. “A maior vantagem é justamente ter uma força muito grande, conseguir negociar melhor com o executivo, no período eleitoral, ter mais força também e, depois das eleições, vai ter direito de negociar mais cargos se a sua bancada for a maior, vai ter mais tempo de TV, mais recursos, mas ao mesmo tempo você tem a dificuldade de coordenação, sobretudo na questão regional, que pode ser muito difícil de conciliar,” analisa. 
 


Por outro lado, pra partidos pequenos, a formação de federações é uma estratégia de sobrevivência para muitos pequenos, nanicos a médios, pequenos a médios, para continuar sobrevivendo no quadro partidário eleitoral.

“O partido percebe que o sinal de alerta está tocando e que a única forma de conseguir se manter é fazer com que o partido esteja maior. Se eu não quiser me fundir diretamente a uma legenda para evitar isso, eu faço essa opção pelo caminho intermediário que é a federação”, explica o cientista político.

Consentino considera que a solução ideal seria que os partidos caminhassem para se fundir de fato. “A gente não precisa de trinta legendas, mas ao mesmo tempo garante que a gente não tenha um quadro de fusões acelerados, açodados.”

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