Orçamento 2026 acende alerta sobre risco de “Brasil Ingovernável” e desafia novo Marco Fiscal
- porRedação
- 17 de Abril / 2025
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| Créditos: Reprodução/Sul 21
A apresentação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2026 gerou debates acalorados entre economistas, que expressam preocupações sobre a sustentabilidade das contas públicas federais e a eficácia do novo arcabouço fiscal. As projeções apontam para uma drástica redução nos investimentos (despesas discricionárias), levantando questionamentos sobre o futuro desenvolvimento do país.
O PLDO estima para 2026 apenas 1,5% do PIB (R$ 208,3 bilhões) para investimentos, enquanto as despesas obrigatórias devem consumir 17,4% do PIB (R$ 2,385 trilhões). O cenário se agrava para 2029, com a previsão de um ínfimo 0,1% do PIB (R$ 8,9 bilhões) para investimentos, frente a R$ 2,838 trilhões (16,8% do PIB) em gastos obrigatórios.
Economistas como Felipe Salto (Warren Investimentos) alertam que a elevada taxa de juros real agrava o déficit nominal, enquanto Tiago Sbardelotto (XP) destaca a pressão adicional sobre os investimentos com a inclusão dos precatórios no limite de gastos a partir de 2027. A XP projeta um déficit de quase 0,9% do PIB para 2026 e estima a necessidade de R$ 110 bilhões adicionais em receitas para alcançar a meta de déficit zero.
A Instituição Fiscal Independente (IFI) já havia sinalizado a limitação do novo arcabouço fiscal para garantir a estabilidade a longo prazo. O diretor da IFI, Alexandre Andrade, aponta para possíveis subestimações de gastos e superestimações de receitas, elevando o risco de descumprimento das metas fiscais.
Enquanto o governo projeta um superávit de 0,25% do PIB para 2026, a Warren Investimentos estima um déficit de 0,8%, com Salto prevendo uma revisão da meta fiscal ainda em agosto. O economista adverte que, sem enfrentar o alto nível e a má qualidade dos gastos, o país pode se tornar "ingovernável" em 2027, exigindo um ajuste fiscal robusto do próximo governo.
Há divergências também nas projeções para a dívida bruta, com economistas estimando um crescimento mais acelerado do que o previsto pelo governo. Alexandre Andrade, da IFI, ressalta o risco de descumprimento das metas fiscais devido a possíveis erros nas projeções de gastos e receitas.
Apesar do quadro desafiador, Salto pondera que o Brasil não enfrenta insolvência, mas o problema central reside no elevado volume e na má alocação dos gastos. Gustavo Cruz (RB Investimentos) defende reformas estruturais que abordem tanto a receita quanto a qualidade dos gastos, enquanto Salto sugere a revisão de vinculações constitucionais e da regra do salário mínimo. Ambos criticam o impacto das emendas parlamentares no orçamento.
O debate em torno do PLDO 2026 expõe a urgência de reformas estruturais e a necessidade de um Congresso Nacional mais engajado na contenção de gastos para evitar um futuro de instabilidade fiscal no Brasil.
Com informações da CNN