19 de Abril: mais que um dia, um mosaico de culturas
- porRedação
- 19 de Abril / 2025
- Leitura: em 6 segundos

| Créditos: Foto: Alex Pazuello/Secom© Alex Pazuello/Secom
O calendário marca 19 de abril, e a data, outrora conhecida como Dia do Índio, ressoa agora com uma amplitude maior: Dia dos Povos Indígenas. A mudança, oficializada pela Lei 14.402/22, sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro, ecoa um reconhecimento tardio, porém bem-vindo, da rica tapeçaria cultural que compõe as nações originárias do Brasil.
Essa alteração nominal transcende a mera formalidade. Ela busca iluminar a pluralidade de etnias, línguas, tradições e cosmovisões que sempre coexistiram em nosso território. Celebrar os "povos" no plural é um passo importante para desconstruir a visão homogênea e por vezes estereotipada que pairava sobre as diversas comunidades indígenas.
Para além da reverência à memória e à cultura ancestral, o Dia dos Povos Indígenas pulsa como um momento crucial de reflexão. Refletir sobre a persistente luta desses povos contra o preconceito, o racismo e a violência que teimam em assombrar suas vidas. Refletir sobre a urgência da demarcação e proteção de suas terras, um direito constitucional fundamental que frequentemente esbarra em interesses econômicos e políticos. Refletir sobre a necessidade de garantir acesso à saúde, educação e outros direitos básicos, respeitando suas especificidades culturais.
Curiosamente, a gênese dessa data remonta ao Estado Novo, em 1943, quando Getúlio Vargas instituiu o "Dia do Índio". Em um contexto histórico marcado por políticas integracionistas e pela tutela do Estado sobre as populações indígenas, a celebração carregava uma conotação diferente da que se busca imprimir hoje.
Nos tempos atuais, o Dia dos Povos Indígenas ganha contornos de resistência e afirmação. As próprias comunidades indígenas têm se mobilizado cada vez mais, utilizando essa data como plataforma para dar voz às suas demandas, denunciar violações de direitos e apresentar a beleza e a força de suas culturas. Vemos um protagonismo crescente nas redes sociais, nas manifestações e nos espaços de poder, onde lideranças indígenas defendem seus territórios e suas formas de vida com eloquência e sabedoria ancestral.
Portanto, o 19 de abril de 2025, aqui em Campo Grande, no coração do Mato Grosso do Sul, ecoa com um significado renovado. Não é apenas um dia para lembrar o passado, mas um chamado à ação no presente e um compromisso com o futuro. Um futuro onde os povos indígenas tenham seus direitos plenamente garantidos, suas culturas vibrantes sejam respeitadas e sua contribuição essencial para a identidade brasileira seja finalmente reconhecida em toda a sua pluralidade e riqueza.