Na manhã desta quarta-feira (3), desdobramentos da Operação Tromper resultaram na prisão do advogado Milton Matheus Paiva Matos, em conexão com investigações sobre alegadas fraudes em contratos vultosos da prefeitura de Sidrolândia. Não é a primeira vez que o nome de Matos está associado a tais investigações. Em maio do ano passado, sua residência foi alvo de buscas, resultando na apreensão de R$ 7 mil em espécie por agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

A operação coordenada pelo Gaeco e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) não se limitou apenas a Matos. Juntamente com ele, o vereador de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB), e outras seis pessoas foram alvo de mandados de prisão em Sidrolândia e Campo Grande.

Diferentemente da primeira fase da Operação Tromper, onde Matos foi sujeito apenas a um mandado de busca e apreensão, desta vez, elementos recolhidos durante a investigação levaram à decretação de sua prisão preventiva. Como advogado, Matos está sendo encaminhado ao Presídio Militar da Capital.

A defesa de Matos, a cargo de Ariel Osmar da Costa, está buscando acesso aos autos da investigação, atualmente sob sigilo judicial. O Gaeco informou que identificou uma "nova ramificação da organização criminosa, atuante no ramo de engenharia e pavimentação asfáltica".

Matos é proprietário da empresa 3M Produtos e Serviços. Segundo seu advogado, "Se for questão do asfalto vai ser porque ele foi pregoeiro, mas o Milton diz que não mexeu com nada de questão de asfalto. Deve ter algo relacionado a licitação."

Além de Matos, foram detidos o vereador Claudinho Serra; o empresário Ueverton da Silva Macedo, apontado como líder do esquema; o chefe de licitação da Prefeitura de Sidrolândia, Marcus Vinícius; a servidora Ana Paula Flores; e o ex-assessor de Claudinho, Thiago Alves. Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos nas residências do secretário de Educação do município, Rafael Soares Rodrigues, e do secretário adjunto de Assistência Social, Paulo Vitor Famea.

A 3ª fase da Operação Tromper, que incluiu 8 mandados de prisão e 28 de busca e apreensão, já investigou irregularidades em contratos totalizando R$ 15 milhões. Uma nota do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) afirmou que a operação "ratificou a efetiva existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e contratos administrativos com a Prefeitura Municipal de Sidrolândia, bem como o pagamento de propina a agentes públicos municipais".

Uma nova ramificação da organização criminosa, atuante no ramo de engenharia e pavimentação asfáltica, também foi identificada. Os contratos sob investigação totalizam aproximadamente R$ 15 milhões.

A primeira fase da Operação Tromper, deflagrada em maio de 2023, visava desmantelar um esquema de corrupção que envolvia fraude em licitação e sonegação fiscal em Sidrolândia. Segundo investigações, o grupo criminoso abria empresas ou expandia seus escopos para participar de licitações, embora não tivesse capacidade técnica para executar os serviços ou fornecer os materiais contratados pelo município.

Dados obtidos por meio da quebra de sigilo bancário revelaram que a sogra e o cunhado de um dos líderes do esquema, apelidado de "Frescura", movimentaram mais de R$ 1,1 milhão entre 2017 e 2021, apesar de possuírem empregos modestos. A faxineira Vera Lúcia de Paula, com um salário médio de R$ 559 mensais, movimentou R$ 539,5 mil, enquanto Rafael de Paula da Silva, ajudante de motorista com salário de R$ 1.055, realizou R$ 604,5 mil em transações bancárias.