O Rap do Caravina e o Jogo Duplo com a Polícia Civil
- porPor Alcina Reis
- 29 de Agosto / 2024
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| Créditos: Foto: Suki
Policiais civis de Mato Grosso do Sul realizaram um protesto na Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (29), exigindo a incorporação do "vale coxinha" e um reajuste salarial de 18% dividido em três parcelas, além do reajuste anual. A categoria adotou a operação "cumpra-se a lei" para pressionar o governo a atender suas reivindicações.
O O SINPOF MS ( Sindicato dos Peritos Oficiais Forenses de Mato Grosso do Sul) criticou a fala do deputado Pedro Caravina, que defendeu a posição do governo, alegando falta de recursos para o aumento salarial e sugerindo a incorporação do auxílio alimentação como solução. Segundo o sindicato, essa medida reduz o salário líquido dos policiais iniciantes, pois ao ser incorporado ao subsídio, o valor do auxílio passa a sofrer incidência de impostos, o que resulta em perda salarial. Além disso, o sindicato destacou a contradição do governo, que concedeu recentemente um auxílio saúde de 5% aos delegados e fiscais de renda, revelando a existência de recursos para atender demandas salariais.
Em tempos de política, o aperto de mão pode ser mais traiçoeiro que um abraço de urso. É o que a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul sente na pele, como denuncia o Sinpol-MS (Sindicato dos Policiais Civis de MS). O governo estadual, num gesto de aparente generosidade, propõe a incorporação do auxílio-alimentação ao salário. Soa bem, não? Mas, na prática, é como trocar um sanduíche por migalhas. A incorporação significa a incidência de impostos, especialmente para os policiais em início de carreira, que veem seus contracheques encolherem como uvas passas ao sol.
Enquanto isso, o governo jura de pés juntos que não há dinheiro para um reajuste salarial digno. Mas, como num passe de mágica, milhões brotam dos cofres públicos para financiar o auxílio-saúde de delegados e fiscais. É como se o dinheiro público fosse um bolo de aniversário, onde só alguns convidados ilustres têm direito a uma fatia generosa, enquanto a maioria se contenta com farelos.
A Polícia Civil, que coloca a vida em risco todos os dias para garantir a segurança da sociedade, é tratada como parente pobre, com direito a migalhas enquanto outros se banqueteiam. Não basta ter diploma na parede, mestrado, doutorado, pós-doutorado... É preciso ter reconhecimento no bolso. Afinal, contas a pagar não se impressionam com títulos acadêmicos. E essa conta, para a Polícia Civil de MS, ainda não fecha.
É hora de o governo estadual parar de jogar esse jogo duplo e reconhecer o valor daqueles que protegem a sociedade. A segurança pública não pode ser tratada como moeda de troca em um jogo político.
Afinal, quando a violência bate à porta, não adianta ter um diploma na parede, mas sim um policial preparado e valorizado na rua.
Matéria editada para retirada de áudio conforme solicitação do deputado Caravina, via assessoria jurídica.
Por Alcina Reis
Jornalista Alcina Reis | Créditos: Arquivo pessoal