Lucro da Eldorado Brasil cai 50%  em 2024 em meio a disputa acionária

Fábrica da Eldorado em Três Lagoas | Créditos: Reprodução/Bom Dia Mercado

A Eldorado Brasil Celulose, com sede em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, registrou lucro líquido de R$ 1,096 bilhão em 2024, queda de R$ 1,2 bilhão em relação ao ano anterior. Apesar da redução, a empresa alcançou recorde de produção, com 1,786 milhão de toneladas de celulose.

A companhia também diminuiu sua dívida líquida em 20,6%, para R$ 966 milhões. O diretor financeiro da Eldorado, Fernando Storchi, atribuiu o desempenho sólido à eficiência operacional.

A redução nos lucros ocorre em meio a uma disputa judicial entre os acionistas da Eldorado: J&F Investimentos e Paper Excellence. O impasse, que se arrasta desde 2017, envolve a venda da Eldorado pela J&F à Paper Excellence por R$ 15 bilhões.

A briga teve início após a J&F vender 100% da Eldorado para a Paper Excellence em meio a um processo de desinvestimento motivado por multas decorrentes da Operação Lava-Jato. A venda previa pagamento parcelado e liberação de garantias financeiras, mas divergências levaram ao rompimento do contrato em 2018, quando a J&F alegou que as condições não foram cumpridas.

Desde então, o caso se arrasta por tribunais e câmaras de arbitragem no Brasil e no exterior. Em 2021, a Paper venceu um processo arbitral na Câmara de Comércio Internacional, que determinou a transferência do controle da Eldorado. No entanto, a J&F recorreu na Justiça brasileira, argumentando que a venda esbarrava na legislação nacional sobre aquisição de terras por estrangeiros.

Em 2024, decisões desfavoráveis à Paper Excellence intensificaram a disputa. O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) reforçou a necessidade de aprovação prévia do Congresso Nacional para aquisição de terras por empresas controladas por estrangeiros. Além disso, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) suspendeu os direitos políticos da Paper na Eldorado. O STF (Supremo Tribunal Federal) convocou uma audiência de conciliação, mas não houve consenso.

A incerteza sobre o futuro da Eldorado afeta a empresa, representando um obstáculo para novos investimentos e ampliação dos negócios, como a construção de uma nova planta da empresa em Mato Grosso do Sul.

Fonte: Campo Grande News

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