Juiz afastado do TJMS tentou comprar fazenda de R$ 18 milhões, valor incompatível com seus rendimentos
- porRedação
- 25 de Junho / 2025
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| Créditos: Reprodução/O Jacaré
O juiz Paulo Afonso de Oliveira, da 2ª Vara Cível de Campo Grande (MS), encontra-se afastado de suas funções e sob investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por suspeita de envolvimento em venda de sentenças. A apuração ganhou destaque após a revelação de que o magistrado propôs a compra de uma fazenda avaliada em R$ 18 milhões, valor que corresponderia a cerca de 35 anos do salário bruto de um desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Disparidade Patrimonial em Foco
O relatório do CNJ, embasado em informações da Polícia Federal (Operação Ultima Ratio) e do Gaeco, aponta uma incompatibilidade flagrante entre o patrimônio declarado pelo juiz e sua renda formal, mesmo considerando ganhos como produtor rural. A tentativa de adquirir a Fazenda Nova Guaporé, em Bodoquena, é vista como um forte indício de uso de recursos ilícitos. A proposta de compra incluía dois apartamentos, avaliados em R$ 2,5 milhões e R$ 700 mil.
Outras Irregularidades Investigadas
Além da tentativa de compra da fazenda, o juiz Paulo Afonso já era investigado por uma evolução patrimonial considerada atípica, incluindo a aquisição de uma aeronave e da Fazenda Recanto da Serra, de mil hectares, por valores subestimados. Estima-se que esta última propriedade, comprada por R$ 700 mil em 2008, hoje valha entre R$ 30 milhões e R$ 70 milhões. Movimentações financeiras com a Frizelo Frigoríficos Ltda., empresa já associada a pagamentos de propina em outro esquema, também estão sob análise, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro por meio de atividades agropecuárias.
Defesa e Desdobramentos
Em sua defesa, o juiz alegou que a proposta da fazenda foi apenas uma cogitação e que desistiu da aquisição devido à queda no preço da arroba do boi. No entanto, o CNJ entendeu que a simples intenção de adquirir um bem de tal valor, dada a incompatibilidade de renda, justifica a abertura de processo administrativo disciplinar e a manutenção de seu afastamento. Paulo Afonso está afastado desde outubro do ano passado e o processo disciplinar em curso pode resultar em aposentadoria compulsória ou perda definitiva do cargo.