Investigação desvenda conflitos, denúncias e suposto envolvimento com facção em caso de duplo homicídio

Crime contra Aparecido e Naique aconteceu no dia 25 de outubro | Créditos: REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS

Três mulheres, identificadas como Juliene Carneiro Cunha (46 anos), Carla Vitoria Carneiro Cunha Delgadilho (20 anos) e Olga Julia Carneiro Cunha Delgadilho (22 anos), encontram-se sob custódia desde 14 de dezembro do ano passado, após serem acusadas de participação ativa no planejamento do assassinato de Aparecido Donizete Martins (63 anos) e Naique Matheus Sotareli Martins (28 anos), ocorrido em 25 de outubro de 2023, em frente à conveniência de propriedade das vítimas, localizada na rua Paraisópolis, bairro Santo Eugênio, em Campo Grande.

A investigação, conduzida pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), revela que as acusadas teriam contado com a 'ajuda' do Primeiro Comando da Capital (PCC) para a execução do crime. Além disso, um detento de 34 anos, cumprindo pena em um presídio de segurança máxima, foi diretamente envolvido no planejamento, organizando encontros entre membros da facção, as suspeitas e as vítimas por meio de videoconferências via WhatsApp.

Diante do envolvimento ativo do detento no crime, a polícia solicitou sua transferência para a Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira, após cumprir pena no Presídio de Segurança Máxima.

Segundo o relatório elaborado pela DHPP, Juliene teria sido considerada uma 'falsa concorrente' no comércio de Aparecido e Naique, que gerenciavam uma conveniência próxima à dela. A investigação aponta que o estabelecimento de Juliene funcionava como ponto de distribuição de drogas, comandado por outra pessoa na região.

A rivalidade entre Juliene, Aparecido e Naique teria se intensificado devido a uma suposta denúncia originada de uma briga e disparo de arma de fogo nas proximidades da conveniência de Juliene. Essa situação gerou conflitos que também envolveram as filhas das mulheres, Carla e Olga.

Em meio a essa contenda, alegando que Naique teria sido um informante, Juliene buscou a assistência de membros da facção, os quais organizaram uma videoconferência para "colocar pai e filho na linha". Outras duas intervenções do PCC ocorreram devido a desentendimentos subsequentes envolvendo uma briga com um homem, culminando nos dias que antecederam a execução de Aparecido e Naique.

A falta de estabilidade nas relações e a suposta desobediência às ordens de paz estabelecidas pela facção levaram ao planejamento da morte, ordenado pelo alto escalão do grupo criminoso. Vale ressaltar que, durante a investigação, o detento e Naique eram conhecidos, tendo realizado negócios anteriormente, quando a vítima praticava agiotagem e o detento deixou uma motocicleta como garantia para quitar uma dívida.

A execução foi efetivada por dois homens usando capacetes e roupas pretas, cuja identificação ainda é desconhecida pela polícia. Apesar das prisões das três mulheres e do detento, a investigação prossegue, buscando identificar os executores. A motocicleta utilizada no crime foi apreendida no dia seguinte por equipes do Batalhão de Choque. Embora as detidas tenham impetrado dois habeas corpus solicitando revogação da prisão ou prisão domiciliar, a Justiça de Mato Grosso do Sul negou ambos.

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