Ibovespa fecha com baixa, acompanhando o exterior; dados econômicos pesaram

| Créditos: Infomoney

Sextou! Mas talvez essa seja a única certeza hoje por aqui. O Ibovespa terminou o dia com baixa de 0,94%, aos 131.902,18 pontos, aos 1.246,57 pontos. Isso é uma certeza, afinal contra os números não há questionamentos. Mas se a semana seria negativa ou positiva, ficou mesmo para os últimos minutos – e ficou no vermelho, em 0,33%, a primeira semana negativa após três positivas.

Certa também foi a alta do dólar comercial, que subiu 0,13%, a R$ 5,76. Já os juros futuros (DIs) apontaram para uma direção certa, a de altas, durante todo o dia, para na reta final passarem a oscilar e terminarem mistos.

Tarifas de Trump e realização
O problema dos investidores foi onde se fiar. Muitos dados e notícias foram colocados na balança de precisão e o resultado nem sempre convencia para uma atuação certeira. “Os mercados estão aguardando o principal evento da semana, que será na semana que vem – o dia 2 de abril”, disse Ian Toro, analista da Melver, ao referir-se à quarta-feira que vem, quando Trump promete anunciar um tarifaço mundial. “Há uma certa aversão a risco por conta disso, o que tem se refletido numa liquidez menor”, avalia Toro. De fato, o volume de negociações no Ibovespa hoje foi bem mais contido.

Houve também um movimento de realização de lucros, após o Ibovespa bater uma máxima de fechamento de seis meses no pregão de ontem, quando encerrou acima dos 133 mil pontos pela primeira vez desde outubro de 2024.

Taxa de desemprego e Caged
E tiveram os dados. Vamos a eles, pois números são números, são precisos – o problema é o que fazer com eles, como interpretá-los. Logo cedo, saiu a taxa de desemprego no Brasil, com aumento dentro da expectativa de mercado. Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, reforça que “a taxa de desemprego segue em patamares baixos”, e que “os salários seguem pressionados, mas a massa salarial dá sinais de estabilização”, em “um início de ajuste no mercado de trabalho, sem muito alívio para a inflação à frente”.

O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), porém, mostrou deflação de 0,34% em março, com queda em carnes e minério podendo ter impacto favorável no IPCA. É algo ainda incerto. Já confiança do setor de serviços melhorou depois de quatro meses.

Mais no meio da tarde, mais dois dados para fundir a cuca dos investidores. O Caged de fevereiro mostrou que o Brasil abriu 431.995 vagas formais de trabalho em fevereiro, maior resultado mensal da série histórica e muito além do esperado por economistas. Por outro lado, o Tesouro Nacional mostrou que a dívida pública federal subiu 3,30% em fevereiro ante janeiro, para R$ 7,492 trilhões.

PCE acima do esperado
Lá fora, as coisas não ajudaram muito. Na verdade, a incerteza só aumentou. Além do problema das tarifas do governo Trump, os investidores precisaram observar o índice de preços de consumo pessoal, o famoso PCE, a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed) para fins de política monetária, e o resultado veio acima do esperado.

Assim, os principais índices em Nova York, que já vinham cautelosos diante da incerteza das tarifas, ficaram ainda mais na dúvida sobre os próximos passos do Fed. Uma autoridade do Fed vê como “razoável” dois cortes de juros este ano.

Vale e Petrobras caem
Diante de tudo isso, o Ibovespa teve um caminho certo: para baixo. Não sem certa oscilação por parte dos ativos mais pesados do índice, durante toda a sessão. Vale (VALE3) desceu 1,01%, mínima do dia, mesmo com o minério de ferro em alta. Petrobras (PETR4), por sua vez, acompanhou a commodity de referência, e caiu com o petróleo internacional: menos 0,64%.

Os bancos oscilaram, especialmente Santander (SANB11) e BB (BBAS3). Os dois trocaram de sinal com frequência durante a sessão e terminaram, respectivamente, com menos 1,06% e menos 0,17%. Só Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) foram assertivos na derrota, caindo desde o início, e perderam 1,38% e 1,37%.

Suzano (SUZB4) desceu 1,30%, mesmo com aumento de preços anunciado. Eletrobras (ELET3) desceu 1,49%, com a certeza de que Guido Mantega entraria para o conselho fiscal da companhia.

Fora do índice, o balanço de Gol (GOLL4) dividiu opiniões, mas puxou as aéreas para baixo: queda de 4,11%, enquanto Azul (AZUL4) perdeu 1,71%.

A semana que vem encerra o mês de março, mas não as incertezas. O destaque será o citado anúncio de novas tarifas comerciais do governo Trump. No evento, aguardado para o dia 2, o presidente irá revelar a magnitude e países alvos das tarifas recíprocas. Ninguém sabe ao certo o que virá daí. Então, bora sextar? (Fernando Augusto Lopes)

Compartilhe: