Governo Lula congela R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025 para cumprir meta fiscal
- porR7
- 22 de Maio / 2025
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| Créditos: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira (22) congelamento de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025, para garantir que os gastos públicos fiquem dentro das metas fiscais. Serão R$ 10,6 bilhões bloqueados e R$ 20,7 bilhões contingenciados (entenda a diferença abaixo). O anúncio foi feito pelos ministros Simone Tenet (Planejamento e Orçamento) e Fernando Haddad (Fazenda). O detalhamento das áreas e órgãos afetados pelos cortes será feito na sexta-feira (30) da próxima semana, como prevê a lei.
Os dados estão no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do segundo bimestre de 2025, apresentado pela equipe econômica do Executivo nesta quinta. Os principais motivos que levaram ao congelamento estão nos benefícios de previdência social (leia mais abaixo).
“Agora, dependemos que os órgãos setoriais nos passem e indiquem as programações”, destacou Tebet, ao citar que o detalhamento será feito em cinco dias úteis.
Gastos com previdência social
Segundo a ministra, o bloqueio foi necessário por conta do aumento das despesas obrigatórias. “A maior parte delas vindo da previdência”, acrescentou.
Tebet destacou ainda o pente-fino do governo federal para revisar benefícios pagos indevidamente. “É um trabalho que é continuo, há um dever de casa que o Ministério do Planejamento e Orçamento está fazendo — com apoio de todos os ministérios e do presidente Lula de revisão de gastos — e ainda continua, em relação a erros e fraudes, dentro daquilo que nos incumbe, visando, efetivamente, a eficiência dos gastos públicos”, completou a ministra.
Haddad afirmou que, além da previdência, o BPC (Benefício de Prestação Continuada), segue no “radar” do governo. O auxílio é pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda em todo o país. A questão, destacou Haddad, já é tratada pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, pasta responsável pelo benefício.
“O BPC está com alta judicialização. Então, não é uma coisa que está na competência exclusiva do Poder Executivo, está com uma dinâmica que extrapola o Poder Executivo, que tem regras de concessão do benefício na forma da Constituição, mas, muita vezes, uma liminar é suficiente para incluir um beneficiário, que nem sempre se enquadra exatamente nos critérios do programa”, explicou Haddad.
Entenda a diferença
O governo precisa bloquear verbas quando as despesas obrigatórias aumentam. Para evitar que o orçamento estoure, é preciso controlar os gastos que não são essenciais. Já o contingenciamento ocorre quando administração pública arrecada menos dinheiro do que esperava, então precisa reduzir ou adiar despesas para ajustar o orçamento.
Haddad reforçou as diferenças entre os termos. “Dá a impressão de que é a mesma coisa, e não é”, destacou.
O bloqueio ocorre quando a projeção da despesa supera o teto de gastos estabelecido no arcabouço fiscal, de 2,5% acima da inflação. “Então pega o gasto primário do ano anterior, coloca a inflação mais 2,5% e, se por ventura entendermos que a projeção dos gastos supera o teto de 2,5%, pela lei, somos obrigados a bloquear”. explicou.
O bloqueio age como um remanejamento de despesas. “Não significa que vamos gastar menos do que 2,5%. Significa que, para manter os 2,5%, vamos ter de tirar dinheiro de um lugar e colocar em outro. É uma despesa que está, pela sua dinâmica, impedindo que as demais despesas corram na mesma velocidade. Então alguém tem que parar para alguém andar”, acrescentou o ministro.
Novas medidas podem ser tomadas
Haddad afirmou, ainda, que o governo pode congelar mais recursos até o fim de 2025.
“Estamos tomando essas medidas agora e, ao longo do ano, vão ser complementadas por outras, com o objetivo de nos fixarmos com o que nos comprometemos para o bem das contas públicas, o que acarreta um ambiente macroeconômico mais saudável para o Brasil. Se queremos menos inflação, crescimento, menos juros, entre outras coisas, precisamos garantir um ambiente macroeconômico coerente com os propósitos do atual governo”, reforçou.
O ministro destacou que novas medidas não são descartadas, porque o monitoramento do Orçamento é diário. Segundo Haddad, não é possível prever a execução ao longo do ano neste momento, já que o cenário pode melhorar.
“Pode encontrar forma de contingenciar, de descontingenciar, como pode ter necessidade de novas medidas. Neste momento, essas medidas nos parecem suficientes para garantir o cumprimento do arcabouço fiscal”, acrescentou.
“Sempre que entendermos conveniente tomar medidas — e para isso que tem relatório bimestral — vamos ter que incidir. O tempo todo as equipes estão trabalhando nas planilhas para entender o que está acontecendo e tentar prever, para evitar surpresas desagradáveis. O dia a dia da área econômica é ficar prestando atenção e sugerir o que entendemos que é adequado fazer para continuar numa boa trajetória”, completou Haddad.