Governo prepara enfrentamento à Câmara dos Deputados

Lula tem cobrado mais rigor da equipe ministerial e orientado que qualquer nova medida seja precedida de avaliação política | Créditos: Jonas Pereira/Agência Senado


O Governo Federal adotará uma postura mais assertiva nas relações com a Câmara dos Deputados. A estratégia foi definida com base na avaliação do Palácio do Planalto de que, após dois anos e meio de tentativas de conciliação, o momento agora exige enfrentamento direto em pautas consideradas prioritárias. O movimento faz parte da preparação para as eleições presidenciais de 2026.

Segundo fontes do governo que conversaram com o Portal iG, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) orientou sua base a atuar com mais intensidade, colocando em discussão temas centrais da agenda do Executivo.

Em entrevista recente ao cantor Mano Brown, Lula afirmou que, se disputar a eleição em 2026, será para vencer. A declaração foi interpretada como um marco do início da antecipação da disputa eleitoral.

Entre os exemplos de embate está a decisão do governo de não recuar em relação à manutenção da cobrança do IOF(Imposto sobre Operações Financeiras). Inicialmente, a oposição conseguiu impor a narrativa de que o Executivo aumentava impostos.

No entanto, após a atuação firme do ministro da Fazenda, Fernando Haddad(PT), e o apoio público de Lula, o governo identificou mudança na percepção da população, com divisão nas opiniões sobre o tema.

A manutenção da cobrança do IOF resultou em reação do Congresso. O deputado Hugo Motta(Republicanos) pautou para esta quarta-feira (25) a votação da derrubada do imposto, com relatoria sob responsabilidade do PL.

A iniciativa foi recebida no Planalto como uma resposta da Câmara à atuação do governo. Mesmo com poucas chances de vitória, o governo avalia que uma eventual derrota poderá ser usada para transferir ao Congresso a responsabilidade por impactos nas contas públicas.

O enfrentamento entre Executivo e Legislativo já havia se intensificado com a disputa sobre a redução da tarifa de energia elétrica. Segundo o governo, a posição defendida por Haddad e pela equipe econômica teve maior adesão popular, o que causou desconforto na Câmara.

Estratégia de Lula para 2026

A antecipação da disputa eleitoral também leva Lula a se aproximar de partidos do centro político, como MDB. O objetivo é ampliar a base de apoio e reestruturar a articulação com setores do Congresso.

Ao mesmo tempo, o presidente tem cobrado mais rigor da equipe ministerial e orientado que qualquer nova medida seja precedida de avaliação política, de modo que o Planalto esteja pronto para sustentar o embate com o Legislativo, se necessário.

Dentro do governo, a avaliação é que,  diante do movimento da Câmara para ampliar o número de parlamentares e, simultaneamente, gerar novas despesas, a crítica ao aumento da carga tributária perde força.

“Quem vai levar a sério a preocupação dele e dos deputados com equilíbrio das contas públicas com um Congresso que quer aumentar número de deputados e, ao mesmo tempo, gerando mais despesas aos cofres públicos?” , afirmou um interlocutor do governo.

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