Esconderijo dos responsáveis pela execução do taficante “Gringo” é alvo da polícia

| Créditos: Reprodução/Campo Grande News

Autoridades paraguaias, em colaboração com o Ministério Público, identificaram o local usado como esconderijo pelos perpetradores do assassinato do narcotraficante Clemencio González Giménez, conhecido como "Gringo", ocorrido no último domingo (5) em Pedro Juan Caballero, cidade próxima a Ponta Porã (MS).

De acordo com fontes da investigação paraguaia, os responsáveis pelo crime se reuniram em uma residência no Jardim Aurora para planejar a ação. O veículo utilizado pelos assassinos, um HB20 com placa de São Paulo, foi encontrado incendiado pouco tempo após o ataque.

Envolvido em conflitos com um grupo rival desde setembro do ano anterior, "Gringo", listado como um dos criminosos mais procurados do Paraguai e possuidor de considerável patrimônio, estava escondido em um modesto conjunto de apartamentos no Bairro Obrero.

No domingo à tarde, homens armados invadiram o local e assassinaram o traficante com mais de 37 disparos, enquanto ele estava sentado no sofá, sem chance de reação. As autoridades policiais suspeitam que pessoas próximas a "Gringo" tenham traído sua localização, revelando seu esconderijo.

O promotor de Justiça Andrés Cantalupi relatou que a residência utilizada pelos responsáveis pelo crime fica a dois quarteirões da mansão de Clemencio González. Durante as buscas, foram recolhidas evidências que podem contribuir para as investigações. O proprietário do imóvel apresentou um contrato de locação, confirmando que a casa estava alugada para um cidadão paraguaio.

Fahd Jamil, uma figura proeminente entre os traficantes na linha internacional entre o Paraguai e Mato Grosso do Sul, era uma figura de influência para "Gringo". Posteriormente, González aliou-se ao narcotraficante brasileiro Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar.

A mansão de "Gringo" no Jardim Aurora ganhou notoriedade após o traficante construir uma capela no quintal, semelhante à Basílica da Virgem de Caacupé, padroeira do Paraguai.

Experimentando declínio nos últimos anos, especialmente com a ascensão do PCC (Primeiro Comando da Capital), "Gringo" foi apontado como mandante de diversos assassinatos na fronteira.

Em 2004, quando estava na lista de procurados da polícia, foi acusado de ordenar a execução de Felicio Amado Acosta Martinez, motorista de ônibus envolvido em um acidente que resultou na morte do irmão de "Gringo", Félix González. Dias após o acidente, homens armados invadiram a residência de Martinez e o sequestraram. Horas depois, seu corpo foi encontrado com mais de 50 tiros.

Em 2015, González foi acusado de resgatar 250 quilos de cocaína da sede da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero. Imagens de câmeras de segurança o mostraram retirando pessoalmente bolsas contendo drogas, apreendidas dias antes em sua fazenda.

Dois anos depois, entrou em conflito com o PCC. Na capital, Asunción, uma caminhonete de sua propriedade foi alvejada por membros da facção criminosa.

O alvo era Willian Giménez Bernal, funcionário de González, mas os tiros acabaram atingindo o filho de Willian, de apenas 5 anos, que veio a falecer. Testemunhas relataram que, ao ver o filho morto, Willian teria apontado uma pistola para a própria cabeça e se suicidado.

Em setembro do ano passado, o filho de "Gringo", Charles González Coronel, foi assassinado a tiros de fuzil no centro de Pedro Juan Caballero, durante o dia. Ao lado do corpo do filho, "Gringo" prometeu vingança. Testemunhas afirmaram que ele chegou a utilizar o sangue do filho em seu próprio corpo, gesto simbólico no crime organizado indicando a intenção de buscar retaliação.

Em outubro, quatro brasileiros foram encontrados mortos a tiros na cabeça em uma residência em Pedro Juan Caballero. As vítimas foram identificadas como Gabriel dos Santos Peralta, Xilon Henrique Vieira da Silva, Luan Vinícius Cândia da Silva e Jonas Wesley Morais Deterfam. Suspeita-se que tenham sido os responsáveis pela morte de Charles González.

Após essa chacina, "Gringo" tornou-se alvo do líder do cartel rival, forçando-o a abandonar sua mansão e mudar constantemente de endereço. Moradores locais afirmaram que ele residia na quitinete onde foi morto há menos de dois meses.

O comissário Ignacio Muñoz, chefe da Polícia Nacional em Amambay, comentou que alguém próximo a "Gringo" possivelmente revelou seu esconderijo.

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