Em Honduras, Lula participa da Cúpula da Celac com críticas a Trump e apelo por integração regional
- porRedação
- 09 de Abril / 2025
- Leitura: em 9 segundos

Presidente da República durante chegada a Tegucigalpa, Honduras | Créditos: Ricardo Stucker
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a Honduras nesta terça-feira (8) para participar da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). É a terceira vez, neste mandato, que Lula comparece ao encontro, desta vez com foco em criticar políticas comerciais e migratórias dos Estados Unidos sob Donald Trump.
Apesar das tensões provocadas pelo tarifaço e pelas deportações em massa de imigrantes, o Itamaraty considera improvável uma reação conjunta dos países do bloco, dada a fragmentação política da região. O Brasil aposta em reforçar a defesa do multilateralismo, da integração regional e da participação ativa na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Lula tenta recuperar protagonismo regional e atrair parceiros para ampliar o comércio, inclusive de produtos manufaturados. Os países da Celac movimentam US$ 86 bilhões em comércio com o Brasil, mas o baixo poder de compra limita o avanço da integração.
Embora os EUA não façam parte da Celac, o aumento da influência americana na região, em confronto com a China, deve dominar os bastidores. No governo Lula, avalia-se que a postura de Trump acirra tensões geopolíticas e ameaça a estabilidade nas Américas, com medidas como deportações em massa, sanções e tarifas comerciais.
Internamente, há ceticismo quanto à aprovação de uma declaração crítica aos EUA. A embaixadora Daniela Arruda Benjamin afirmou que o debate será voltado a prioridades regionais, e não a questões bilaterais específicas.
A questão migratória segue sendo ponto sensível. Em 2023, imigrantes latino-americanos enviaram US$ 154,4 bilhões em remessas aos seus países de origem, sendo o México o maior beneficiado. No entanto, os efeitos das deportações variam e dificultam uma resposta coordenada.
A ausência de presidentes de direita também evidencia divisões. Estão presentes em Tegucigalpa líderes de governos de perfil progressista, como Lula (Brasil), Petro (Colômbia), Díaz-Canel (Cuba) e Scheinbaum (México). A presidente anfitriã, Xiomara Castro, destacou o apelo por unidade além de orientações ideológicas.
No Brasil, a política externa de Trump é vista como uma fonte potencial de instabilidade na região. Ainda assim, o governo reconhece os limites para consensos na Celac, diante de diferentes interesses econômicos e políticos entre os 33 países-membros.