O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, pediu demissão nesta terça-feira (8) após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de desvio de emendas parlamentares. A acusação, feita pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, refere-se ao período em que Juscelino atuava como deputado federal.

Em nota, o ex-ministro afirmou que deixa o cargo para não criar constrangimento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se dedicar à própria defesa fora do governo. “Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando”, declarou.

O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que apontou o uso de emendas para beneficiar uma estrada que passa por uma fazenda da família de Juscelino, no município de Vitorino Freire (MA), administrado à época por sua irmã, Luanna Rezende. Ela chegou a ser afastada do cargo durante as investigações.

Juscelino é o primeiro integrante do atual governo a ser formalmente denunciado por suspeita de corrupção. A situação dele já era considerada insustentável por interlocutores do Planalto, especialmente após a queda na popularidade do governo. O União Brasil deve indicar o deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), líder da bancada na Câmara, como possível substituto.

Em 2023, Lula já havia condicionado a permanência de Juscelino no ministério à ausência de denúncia. “Se o procurador indiciar, ele sabe que tem que mudar de posição”, disse o presidente na ocasião.

A saída do ministro ocorre em meio a especulações sobre uma nova etapa da reforma ministerial, que pode atingir não apenas o União Brasil, mas também o PSD e setores do próprio PT. Até o momento, as mudanças envolveram nomes ligados à legenda presidencial.

Em comunicado, o União Brasil manifestou apoio a Juscelino e destacou sua atuação à frente da pasta. O partido afirmou confiar na “seriedade e competência” do ex-ministro.

Juscelino retorna à Câmara como deputado federal pelo Maranhão, prometendo continuar a atuação política e reiterando confiança na Justiça para provar sua inocência.