Crise persiste: Santa Casa de Campo Grande luta contra déficit milionário e superlotação
- porRedação
- 08 de Abril / 2025
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| Créditos: Reprodução/Portal Santa Casa
A Santa Casa de Campo Grande segue enfrentando uma das piores crises financeiras de sua história. Com déficit mensal de R$ 13 milhões e dívida acumulada de R$ 250 milhões com instituições bancárias, o hospital filantrópico — responsável por atender 90% dos pacientes via SUS — lida com superlotação e falta de insumos.
Durante evento realizado nesta terça-feira (8), a presidente da instituição, Alir Terra, atribuiu a crise ao subfinanciamento do Sistema Único de Saúde. “O valor pago por procedimento não cobre os custos. Isso já foi reconhecido pelo Judiciário Federal”, disse. Para evitar o colapso, a Santa Casa recorreu a empréstimos, o que agravou a situação financeira.
A unidade recebe recursos do SUS, governo estadual, prefeitura de Campo Grande e emendas parlamentares. Mesmo assim, acumula valores não repassados, como os R$ 23 milhões previstos por lei durante a pandemia. A dívida total da União é de R$ 46 milhões, segundo a direção.
Desde 2018, o hospital busca na Justiça o reequilíbrio do contrato com o SUS. Auditoria federal confirmou um déficit de R$ 256 milhões, e o processo está em fase de recurso no TRF3.
A instituição também presta serviços além do limite pactuado. Só em média e alta complexidade, R$ 1,2 milhão mensais são executados sem remuneração. O custo real desses atendimentos, conforme a tabela CIPTA, ultrapassa R$ 3 milhões mensais.
Na tentativa de equilibrar as contas, a Santa Casa investe na ampliação da linha privada, hoje responsável por apenas 10% dos atendimentos. Em 2024, esse setor gerou R$ 36,7 milhões. A legislação permite até 40% de serviços privados, e a gestão busca expandir essa fatia.
A crise financeira tem reflexos diretos na assistência. No último fim de semana, a área vermelha — destinada a casos graves — recebeu 25 pacientes, embora disponha de apenas seis leitos com ventiladores. Dois deles chegaram a ser atendidos com ventilação manual. A área verde também está lotada, com 45 pacientes para sete leitos. Na ortopedia, 118 pacientes estão internados, sendo 50 à espera da primeira cirurgia.
Além de recursos, a administração aponta a falta de retaguarda como entrave. Pacientes que não necessitam mais de cuidados de alta complexidade permanecem internados por falta de alternativa. Em 2024, quatro pacientes internados há mais de 90 dias geraram custo superior a R$ 400 mil.
A direção da Santa Casa reforça que a solução está na atualização da tabela SUS, congelada desde 2008, e no reajuste do teto de repasses para evitar a continuidade da prestação de serviços não remunerados.