Cresce número de suicídios entre produtores rurais, e especialistas pedem ações urgentes
- porRedação
- 14 de Abril / 2025
- Leitura: em 7 segundos

| Créditos: Foto: Fernando PAZ/Razón Española
O aumento do número de suicídios entre produtores rurais brasileiros tem preocupado especialistas e acendido o alerta em comunidades do interior. Tradicionalmente vistos como resilientes, agricultores enfrentam hoje dificuldades emocionais e financeiras agravadas por isolamento, dívidas e falta de assistência adequada.
Dados do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA revelam que a taxa de suicídio no campo é de 20,5 por 100 mil habitantes — quase o dobro da média nacional. Entre 2010 e 2019, mais de 1.500 pessoas tiraram a própria vida por ingestão de agrotóxicos. Em Caicó (RN), 12,4% dos agricultores relataram pensamentos suicidas em 2021.
No Rio Grande do Sul, os efeitos da crise se intensificam com a combinação de perdas econômicas e eventos climáticos extremos. Em 2024, o agronegócio no estado perdeu R$ 88,9 bilhões, e os pedidos de recuperação judicial cresceram 138%, com alta de quase 350% entre produtores pessoa física.
Entre os fatores que agravam a saúde mental no campo estão o isolamento social, o uso contínuo de defensivos agrícolas, a pressão por resultados e a falta de serviços especializados. Acesso fácil a substâncias tóxicas e a ausência de apoio psicológico tornam a situação ainda mais crítica.
Além do impacto humano, a crise afeta a economia rural, compromete a produção de alimentos e pode provocar o êxodo de jovens do campo, gerando consequências sociais e produtivas a longo prazo.
Especialistas e entidades do setor pedem a implementação de políticas públicas específicas, com foco em saúde mental, crédito acessível, assistência técnica e presença constante do Estado nas regiões rurais. Para eles, enfrentar o problema exige coordenação, empatia e urgência.