Crateras e Alagamentos: A persistência de problemas na Avenida Ernesto Geisel em Campo Grande

| Créditos: Foto: Marcos Maluf


As intensas precipitações que atingiram Campo Grande nas últimas 24 horas trouxeram à tona um problema recorrente e de longa data na infraestrutura da cidade. A Avenida Ernesto Geisel, uma das principais vias da capital, foi severamente impactada pelo transbordamento do Córrego Segredo na noite de quinta-feira (24), resultando em alagamentos significativos e na abertura de duas grandes crateras na pista.

Um dos pontos críticos situa-se em frente à obra paralisada do Centro de Belas Artes, no bairro Cabreúva. A força da correnteza provocou o colapso de uma parede de concreto que margeava o córrego, levando ao desmoronamento da estrutura de proteção da área. A Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) sinalizou o trecho com cavaletes, interditando completamente o lado esquerdo da avenida por medida de segurança.

Mais adiante, na confluência entre a Avenida Ernesto Geisel e a Rua Marechal Rondon, na região do Hospital Alfredo Abraão, o tráfego foi totalmente bloqueado em ambos os sentidos devido ao desabamento de outra estrutura de concreto. A interrupção do fluxo de veículos causa transtornos significativos aos motoristas e moradores da região.

A situação expõe a vulnerabilidade da Avenida Ernesto Geisel a eventos climáticos extremos, um problema que se arrasta por anos. Em 2022, uma parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura visava solucionar a questão por meio de obras de revitalização. O projeto, inserido no programa Juntos por Campo Grande e com um orçamento de R$ 180 milhões, previa a recomposição das margens do rio Anhanduí com muros de gabião e placas de concreto, a implantação de uma ciclovia, a construção de bocas de lobo para a captação de águas pluviais e a recuperação da pista. No entanto, a iniciativa já se encontrava paralisada há mais de cinco anos.

A persistência do problema levanta questionamentos sobre a eficácia das medidas adotadas até o momento e a necessidade de soluções definitivas por parte das autoridades competentes. A previsão meteorológica também agrava o cenário. De acordo com o meteorologista Natálio Abraão Filho, o volume de chuva registrado em abril já ultrapassou a média histórica para o mês. No centro da cidade, o acumulado atingiu 174,4 mm, enquanto em bairros como Jardim Aeroporto, Jardim Imá e Panamá, chegou a 218,8 mm, contrastando com a média histórica de 105,2 mm.

Diante deste quadro, a população de Campo Grande volta a cobrar ações efetivas para mitigar os impactos das chuvas e garantir a segurança e a mobilidade urbana, especialmente em áreas historicamente afetadas como a Avenida Ernesto Geisel. A urgência de um planejamento e execução de obras que ofereçam uma solução duradoura para este antigo problema se torna cada vez mais evidente.

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