“Brasil da impunidade garantida”

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O Brasil e sua nobre arte de zombar do cidadão

Para quem ainda nutria aquela fagulha ingênua de esperança de que um dia o Brasil pudesse ser um país sério, aqui vai mais um tapa na cara:

 o Supremo Tribunal Federal acaba de reforçar o já vergonhoso “foro privilegiado”. Sim, aquilo que deveria ter sido extinto, enterrado e esquecido, ganhou fôlego novo.

Por 7 votos a 4, os iluminados ministros decidiram que parlamentares, mesmo depois de deixarem seus mandatos, ainda poderão manter seus processos no STF—desde que os crimes tenham sido cometidos enquanto estavam no exercício da função. E o caso que serviu de trampolim para essa pérola jurídica? O do senador Zequinha Marinho, acusado de rachadinha desde 2013, quando ainda era deputado. Pois bem, seu processo seguirá protegido nas alturas do Supremo, longe do alcance de juízes de instâncias inferiores, aqueles que julgam o cidadão comum sem firulas ou privilégios.

E quem foram os guardiões desse escudo protetor para políticos? Gilmar Mendes puxou a fila, seguido por Dias Toffoli, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Nunes Marques. Do outro lado, em um esforço inglório, votaram contra André Mendonça, Edson Fachin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

O recado está dado. No Brasil, justiça é coisa para quem não tem mandato, quem não frequenta os salões do poder e quem não sabe os atalhos da impunidade institucionalizada.

E nós, cidadãos comuns? Seguimos como meros espectadores dessa tragicomédia de toga. Trabalhamos, pagamos impostos, enfrentamos filas e vemos os poderosos costurarem regras sob medida para se blindarem da justiça.

O brasileiro tem mesmo vocação para palhaço. Mas o picadeiro, esse, está muito bem ocupado.

 

Por Alcina Reis

| Créditos: Foto: Conteúdo MS

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