Venezuela realiza eleições neste domingo; oposição pede que eleitores boicotem
- porCNN
- 25 de Maio / 2025
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Protesto contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Maracaibo no último dia 30 | Créditos: REUTERS/Isaac Urrutia
Apesar dos amplos questionamentos da oposição e de grande parte da comunidade internacional ao seu último processo eleitoral, a Venezuela realiza uma nova votação neste domingo (25) para eleger governadores, deputados da Assembleia Nacional e integrantes de conselhos legislativos regionais.
Ao todo, serão definidos 24 governadores, 285 deputados e 260 legisladores estaduais.
A principal líder opositora da Venezuela, María Corina Machado, pediu que a população não participe do processo eleitoral.
A aliança majoritária da oposição, a Plataforma Unitária, não inscreveu candidatos, e pede que seus apoiadores não votem no pleito.
"Rejeitamos que se pretenda reduzir um processo eleitoral a uma simples designação de cargos, sem condições nem transparência", afirmou a aliança em comunicado, afirmando que houve no país uma "destruição da rota eleitoral".
Segundo a sigla, são necessárias garantias plenas, com o fim de impedimentos políticos e o fim da intervenção em partidos e de perseguição políticas para a realização de um pleito justo.
O chamado à abstenção ocorre após os resultados das eleições presidenciais de agosto do ano passado anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral do país não serem reconhecidos pela oposição e pela maior parte da comunidade internacional.
Segundo o órgão, Nicolás Maduro obteve 51% dos votos. O resultado, porém, nunca foi corroborado com a publicação das atas eleitorais e foi questionado pela oposição, que afirma ter vencido o pleito.
Organismos internacionais como o Carter Center, que esteve na Venezuela acompanhando a votação, indicaram diversas irregularidades no processo eleitoral e afirmaram não ser possível confirmar a vitória do chavismo nas urnas.
Oposição dividida
Apesar dos questionamentos, há setores da oposição que ainda consideram que o voto é o caminho para viabilizar uma transformação na Venezuela. Um dos opositores que participará é o ex-candidato à presidência Henrique Capriles, que concorre a uma vaga para a Assembleia Nacional.
Apesar de ter entrado na disputa, ele denunciou abuso de poder e falta de divulgação do processo eleitoral, afirmando que não houve condições democráticas para a realização do pleito e que muitos venezuelanos não sabem da votação que será realizada neste domingo.
Já ex-deputado Juan Requesens, que passou mais de dois anos detido no Helicóide, temida prisão do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), durante regime de Maduro, disputa o cargo de governador do Estado de Miranda com o lema “me nego a me render”.
"Tenho um compromisso e sei que meus candidatos a deputado também, que é não deixar essa coisa para eles, vamos brigar por Miranda com tudo o que temos", disse Requesens em um ato de campanha.
Disputa pelo Essequibo
Um dos governadores eleitos no pleito de domingo será o do Essequibo, território de 160 mil quilômetros quadrados, rico em petróleo, sob domínio da Guiana e reivindicado pela Venezuela.
Também haverá votação para oito deputados pela região para a Assembleia Nacional e sete representantes para o conselho legislativo.
A iniciativa venezuelana de realizar eleições para autoridades para o território pela primeira vez na história é rejeitada pela Guiana e pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), que determinou que o país se abstenha de realizar a votação.
Como o regime de Maduro não tem controle sobre o território do Essequibo, a escolha dos representantes da região será feita em 25 mesas eleitorais de 12 centros de votação no estado de Bolívar, no sul da Venezuela, com 21,4 mil eleitores habilitados para votar nesse distrito, dos quais 21,1 mil são venezuelanos e 220 estrangeiros.
O presidente guianês, Irfaan Ali, acusa a Venezuela de “arrogância” e desrespeito à lei internacional.
“O governo e a população da Guiana, junto aos seus firmes parceiros internacionais, farão de tudo para garantir que a soberania e integridade do nosso território continuem intactos”, escreveu ele na rede social X.
“Para nossos vizinhos venezuelanos que residem aqui, esperamos que vocês sigam o Estado de direito do nosso país e não façam parte do comportamento desonesto da Venezuela”, escreveu, afirmando que, do contrário, esses venezuelanos terão que enfrentar consequências legais.
Onda de prisões
Além das denúncias de ilegitimidade do processo eleitoral pela ala majoritária da oposição, o pleito também ocorre mediante um arrefecimento de prisões. Na sexta-feira (23), o chavismo anunciou a prisão de 70 pessoas, entre elas o líder opositor Juan Pablo Guanipa, um dos principais aliados de María Corina Machado, e diversos estrangeiros.
De acordo com o ministro do Interior, Diosdado Cabello, Guanipa liderava um grupo “terrorista” que pretendia colocar bombas em embaixadas, delegacias e hospitais, para tentar sabotar o pleito de domingo.
A oposição, porém, denuncia perseguição política e terrorismo de Estado por parte do regime de Maduro.
Entre os estrangeiros, há um alemão, um espanhol, um sérvio e um argentino, o que levou a chancelaria de Javier Milei a emitir um comunicado repudiando “o processo sistemático de prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados e violações generalizadas aos direitos humanos” na Venezuela.
A Argentina também exigiu a “libertação imediata” dos seus cidadãos presos no país.