Bancada de Mato Grosso do Sul na Câmara dos Deputados exibe fidelidade de 68,74% ao governo Lula

Deputados federais por MS | Créditos: Câmara dos Deputados/Divulgação

A análise dos votos da bancada de Mato Grosso do Sul na Câmara dos Deputados revelou uma surpreendente aderência de 68,74% aos interesses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa lealdade ganha destaque considerando que o estado concedeu 59,49% de seus votos ao oponente de Lula, Jair Bolsonaro (PL), nas eleições. O levantamento, realizado pelo Estadão com base nos Dados Abertos da Casa de Leis, aponta para uma dinâmica onde os parlamentares tendem a priorizar os interesses de seus redutos eleitorais em detrimento das orientações partidárias.

O estudo evidencia que os deputados tendem a ser mais fiéis às demandas de suas bases eleitorais do que às diretrizes partidárias. Uma análise regional revela que os parlamentares do Nordeste se destacam pela lealdade ao governo, independentemente das linhas partidárias, enquanto os representantes do Centro-Oeste e do Sul se mostram mais propensos à oposição.

A reportagem do Estado de S. Paulo destaca que essa lógica prevalece até mesmo dentro do PL, partido de Bolsonaro. Um exemplo é o caso do representante do partido em Sergipe, Ícaro de Valmir, que acompanhou o governo em 80% das votações, enquanto os dois deputados do PL em Mato Grosso do Sul, Rodolfo Nogueira e Marcos Pollon, adotaram uma postura governista em apenas 20% das vezes.

Além dos correligionários de Bolsonaro, a bancada de Mato Grosso do Sul na Câmara conta com figuras como Luiz Ovando (PP), que se posiciona claramente na oposição a Lula, e os governistas Camila Jara e Vander Loubet, do PT. Já os deputados Beto Pereira, Geraldo Resende e Dagoberto Nogueira, do PSDB, enfrentam um dilema em um partido que tenta fazer oposição ao governo, sem, no entanto, se associar ao chamado “bolsonarismo”.

No cenário político de 2023, o governo Lula conseguiu emplacar medidas importantes no Congresso, como o texto-base do novo arcabouço fiscal, substituindo o antigo teto de gastos, que passou na Câmara com votos favoráveis de todos os deputados de Mato Grosso do Sul, exceto os alinhados a Bolsonaro. Por outro lado, o governo também enfrentou derrotas, como a derrubada do veto ao marco temporal das demarcações de terras indígenas, contando com a contribuição de cinco dos oito deputados do estado.

Análises do cenário político sugerem que a polarização entre direita e esquerda no Brasil, juntamente com a vigilância dos eleitores, que agora podem expressar suas opiniões através das redes sociais, influenciam mais as decisões dos deputados do que as orientações partidárias. O jornalista Thomas Traumann, coautor de um livro sobre a polarização no país, destacou em entrevista ao veículo de São Paulo que essa dinâmica resulta em uma pressão sobre os deputados para manterem uma postura alinhada com o eleitorado que os elegeu.

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