Aumento de casos de doenças respiratórias sobrecarrega hospitais em Campo Grande

| Créditos: Santa Casa de Campo Grande/Divulgação

Campo Grande enfrenta uma situação alarmante no setor de saúde devido ao crescente número de casos de doenças respiratórias, resultando na superlotação de postos de saúde, hospitais públicos e privados. Todos os hospitais que prestam atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade estão operando acima da capacidade máxima.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau), nas últimas três semanas, houve um aumento significativo na procura por atendimento em unidades de saúde por pessoas com sintomas respiratórios. Esse aumento tem impactado diretamente no tempo de espera nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que chega a cinco horas.

Embora a situação atual seja menos grave do que no ano anterior, a prefeitura de Campo Grande optou por declarar estado de emergência. A secretária de Saúde, Rosana Leite, destacou que o tempo de internação dos pacientes está se prolongando, chegando a até 15 dias, o que dificulta a rotatividade de leitos.

Vale ressaltar que Campo Grande não possui hospital público, dependendo da regulação da rede credenciada do SUS ou das UPAs para oferecer atendimento adequado aos pacientes. Atualmente, a prefeitura está em negociação para abrir 10 novos leitos pediátricos na Santa Casa.

Crianças são especialmente afetadas
De janeiro a abril de 2024, Campo Grande registrou 1.033 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Mais da metade desses casos, 51%, foram em crianças de zero a 9 anos de idade. Esse grupo, juntamente com idosos com mais de 60 anos, são os mais vulneráveis às doenças respiratórias, conforme dados da Sesau.

No ano passado, Mato Grosso do Sul enfrentou uma grave crise de síndromes respiratórias, principalmente em bebês. Nos primeiros quatro meses de 2023, foram registrados 1.346 casos de SRAG em Campo Grande, resultando em 128 mortes, incluindo 15 crianças com menos de 9 anos.

Em 2024, Campo Grande já contabiliza 68 mortes por SRAG, sendo três delas crianças com menos de 9 anos e 42 idosos com mais de 60 anos, de acordo com os dados da Sesau.

Alerta médico sobre casos de influenza
Neste ano, os casos de SRAG em Campo Grande começaram a aumentar em abril, diferentemente de 2023, quando a gravidade dos casos foi observada a partir de março. Além disso, os vírus responsáveis pela SRAG também são diferentes: em 2023, houve um surto do vírus sincicial respiratório, enquanto este ano foi identificado o rinovírus e o influenza.

O médico otorrinolaringologista da Unimed Campo Grande, Bruno Nakal, alerta para o surto de síndromes respiratórias, especialmente entre crianças. Ele destaca febre, dores no corpo e de cabeça, além de dor de garganta ou irritação na faringe, como principais sintomas.

Nakal enfatiza a importância da higiene das mãos, uso de máscaras, evitar contato próximo com pessoas doentes e a vacinação contra a influenza. Ele também ressalta que as síndromes respiratórias alimentam um ciclo vicioso entre crianças, pais e o ambiente de trabalho.

Vacinação contra influenza aberta a todos
Toda a população acima de 6 meses de idade em Campo Grande está autorizada a receber a vacina contra a influenza. As doses estão disponíveis em mais de 70 unidades básicas de saúde, a partir das 14h, em todas as regiões da cidade.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 160 mil doses estão disponíveis. No entanto, a adesão à vacinação ainda está abaixo do esperado, com apenas 66 mil pessoas vacinadas até o momento, o que representa apenas 17% da meta de 300 mil imunizados.

A ampliação do público-alvo foi recomendada pelo Ministério da Saúde devido ao aumento de casos gripais em todo o país e à baixa adesão à vacinação. Com mais pessoas vacinadas, espera-se reduzir os casos de gripe e, consequentemente, a procura por atendimento nas unidades de saúde.

Compartilhe: