Audiência detalha atropelamento fatal de corredora; réu confessa embriaguez, defesa questiona tipificação

| Créditos: Foto: Nadyenka Castro


A primeira audiência de instrução e julgamento sobre a morte da corredora Danielle Correa de Oliveira, 41 anos, ocorrida em 15 de fevereiro na MS-010, saída para Rochedinho, foi realizada nesta terça-feira (13). O estudante de Medicina João Vitor Fonseca Vilela, 22 anos, réu no processo, admitiu ter dirigido sob efeito de álcool e atingido Danielle e outra atleta de um grupo de corrida. Danielle faleceu no local, enquanto a outra corredora ficou ferida.

Durante a sessão, que durou aproximadamente duas horas, foram ouvidas testemunhas cruciais para o caso. A sobrevivente Luciana Timóteo da Silva Ferraz narrou a repentina ocorrência do impacto enquanto corria ao lado de Danielle. O fotógrafo do grupo, Jair da Costa, relatou ter feito a última imagem da vítima momentos antes do atropelamento e descreveu a cena chocante ao encontrá-la.

O treinador Ronaldo Brittes, que seguia o grupo em um veículo de apoio, confirmou o baixo tráfego na rodovia, utilizada frequentemente por corredores e ciclistas. Bruno Xavier, colega de equipe das vítimas, detalhou o estado desorientado do réu logo após o acidente e a constatação de uma pulseira de bar em seu pulso. O policial militar rodoviário Victor Belquior atestou os sinais de embriaguez de João Vitor, que se recusou ao teste do bafômetro.

| Créditos: Reprodução/Redes Sociais

O debate central na audiência girou em torno da tipificação penal do crime. Enquanto o Ministério Público sustenta a tese de homicídio doloso com dolo eventual, alegando que o réu assumiu o risco de matar ao dirigir embriagado e em alta velocidade, a defesa argumenta por homicídio culposo com a agravante da embriaguez, previsto no Código de Trânsito. O advogado de defesa, José Rodrigues da Rosa, reconheceu a ocorrência do atropelamento e a embriaguez do réu, mas apontou para a divergência na interpretação da intenção.

A denúncia do MPMS detalha que João Vitor dirigia de forma irregular antes de atingir as corredoras e que seu veículo continha latas de cerveja e a pulseira de uma boate. Ele responderá por homicídio simples com dolo eventual pela morte de Danielle, tentativa de homicídio pela lesão em Luciana e condução sob efeito de álcool.

O impacto da colisão resultou na destruição da parte frontal do veículo do estudante. No mesmo dia da audiência, um grupo de aproximadamente 100 corredores de Campo Grande realizou uma manifestação em frente ao Fórum, clamando por justiça para Danielle, que treinava para sua primeira maratona.

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