Análise de recurso sobre drenos em Bonito é adiada pelo Ceca
- porRedação
- 31 de Outubro / 2024
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O Conselho Estadual de Controle Ambiental (Ceca) adiou a decisão sobre um recurso que questiona a proibição de drenos em uma fazenda em Bonito (MS). O proprietário, Adolpho Mellão Cecchi, contesta a negativa do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para a regularização da drenagem na Fazenda São Francisco.
A relatora do caso, Joanice Battilani, representante do Ibama no Ceca, votou contra o recurso, baseada em estudos técnicos e vistorias que comprovam os impactos ambientais da drenagem na região. Segundo ela, a área é rica em banhados e nascentes que abastecem o Rio da Prata, e a rede de drenos instalada na fazenda ameaça a qualidade da água com o transporte de sedimentos e agrotóxicos.
A defesa do proprietário alega que a área drenada não é de preservação permanente e que outras propriedades mais próximas ao rio também utilizam a prática. No entanto, imagens de satélite apresentadas pela relatora mostram a extensa rede de drenos na fazenda, que já resultou em multas, investigação do Ministério Público e condenação judicial por danos ambientais.
O adiamento da decisão ocorreu após pedido de Ramão Jardim, representante do Sindicato dos Engenheiros no Ceca, que solicitou mais tempo para analisar o caso. Ele manifestou preocupação com o impacto econômico da proibição de drenos para os produtores rurais e defendeu a criação de um grupo de trabalho para discutir o tema.
O secretário-executivo da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Rogério Beretta, lembrou que a legislação ambiental de 2021 define a proteção obrigatória das áreas de banhado, o que impede a autorização da drenagem. O diretor-presidente do Imasul, André Borges, reforçou a necessidade de uma análise técnica do caso, com base na legislação ambiental.
A polêmica sobre o uso de drenos em Bonito se arrasta há anos, opondo produtores rurais e ambientalistas. A região, conhecida pelas águas cristalinas e ecoturismo, sofre com o assoreamento e a poluição dos rios, agravados pela drenagem de áreas para a agricultura. Em 2018, o Rio da Prata foi afetado por um grande volume de lama, problema que ainda persiste e é alvo de investigações do Ministério Público e da Polícia Militar Ambiental.
O Ceca ainda não divulgou a data da próxima reunião, quando o recurso será novamente analisado.