Após acidente aéreo, companhia enfrenta dificuldades financeiras e demissões em massa, com relatos de irregularidades no pagamento de rescisões e FGTS.

A companhia aérea Voepass está no centro de uma polêmica envolvendo demissões em massa, suspensão de operações em diversos aeroportos do Nordeste e acusações de não pagamento de direitos trabalhistas. As dispensas, que tiveram início após o acidente com uma aeronave da empresa em agosto, que resultou em 62 mortes, afetam principalmente funcionários em solo.

Segundo o Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), pelo menos 22 trabalhadores foram demitidos no Nordeste, incluindo 12 em Fortaleza e 3 em Juazeiro do Norte. No entanto, ex-funcionários afirmam que o número de demitidos em todo o país pode ultrapassar 100.

Os trabalhadores relatam que a empresa não realizou o pagamento das rescisões e não efetuou os depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).  "As pessoas foram demitidas online. Não teve reunião, nada.", afirma uma ex-funcionária que preferiu não se identificar. "E, para ninguém colocar na justiça, eles ainda disseram que vão voltar em março e recontratar todo mundo.", completa.

A Voepass, por meio de sua assessoria de comunicação, afirmou que "as questões trabalhistas estão sendo devidamente tratadas" e que "existe um fluxo de parcelamento sendo pago referente ao FGTS dos funcionários".

O SNA anunciou que moverá ações trabalhistas contra a empresa para garantir os direitos dos trabalhadores. O coordenador regional do sindicato, Lucas Viana, afirma que a Voepass "costuma não cumprir com o direito dos seus trabalhadores, não cumpre a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e explora seus trabalhadores com jornadas excessivas de trabalho".

A crise na Voepass  levou à suspensão de operações em diversos aeroportos do Nordeste, incluindo Fortaleza, Aracati, Juazeiro do Norte, Mossoró e Campina Grande. Atualmente, a empresa mantém apenas voos para Recife e Fernando de Noronha na região.

O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (SNEA) e a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) foram procurados para comentar o caso, mas  orientaram a reportagem a buscar a Voepass para obter informações sobre as demissões e o não pagamento de direitos trabalhistas.

Fonte: diariodonordeste.verdesmares.com.br