VÍDEO: em reunião, Bolsonaro pede ‘ação’ de aliados antes das eleições

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Gravação obtida pela PF é uma das principais peças da Operação Tempus Veritatis e mostra troca de falas golpistas entre Bolsonaro e aliados
Entre as provas obtidas pela Polícia Federal na operação Tempus Veritatis, que investiga o suposto esquema criminoso que atuava para a execução de um golpe de Estado, há o vídeo de uma reunião ministerial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com aliados, em que trocam falas e planos golpistas.

A gravação, do dia 5 de julho de 2022, foi apreendida na casa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Nela, o ex-presidente se opõe ao processo eleitoral e convoca seus aliados a fazerem o mesmo. Além disso, ele pede que sua equipe tome uma 'ação' antes do pleito, para garantir sua manutenção no Poder independentemente do resultado.
 

Assista a alguns trechos, divulgados primeiramente pela coluna da Bela Megale, do jornal O Globo:

Vale lembrar que o STF já liberou, na manhã desta sexta (9), a íntegra do vídeo da reunião ministerial, por determinação de Alexandre de Moraes. A gravação completa está disponibilizada no site da Corte.

Confira algumas falas de Bolsonaro em reunião com aliados
Durante todo o encontro, Bolsonaro aparece irritado e proferindo várias ofensas contra Lula (PT), o então rival na disputa pela Presidência, e ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

Em vários momentos, o então mandatário ordena que seus aliados atuem para questionar o processo eleitoral do dia 2 de outubro de 2022, por causa da suposta fraude que alegava existir, antes mesmo do pleito. Confira algumas aspas do ex-capitão:

"Todos aqui têm uma inteligência bem acima da média. Todos aqui, como todo povo ali fora, têm algo a perder. Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado, está pintado. Eu parei de falar em voto imp... e eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que... eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes".

"E eu tenho falado com os meus 23 ministros. Nós não podemos esperar chegar 23, olhar para trás e falar: o que que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia? Nós temos que nos expor. Cada um de nós. Não podemos esperar que outros façam por nós. Não podemos nos omitir. Nos calar. Nos esconder. Nos acomodar. Eu não posso fazer nada sem vocês. E vocês também patinam sem o Executivo. Os Poderes são independentes, mas nós dois somos irmãos. Temos um primo do outro lado da rua que tem que ser respeitado também. Mas todo mundo que quer ser respeitado tem que respeitar em primeiro lugar. E nós não abrimos mão disso."

“É ... Nós estamos vendo aqui a ... não é toda a imprensa, uma ou outra TV e as mídias sociais sobre a delação do Marcos Valério. A questão da ... da execução do Celso Daniel. Né? É ... O envolvimento com o narcotráfico. É ... Temos informações do General Carvajal lá da Venezuela que tá preso na Espanha. Ele ... já fez a delação premiada dele lá. É... Por anos, abasteceu com o dinheiro do narcotráfico Lula da Silva, Cristina Kirchner, Evo Morales. Né? Essa turma toda que cês conhecem.”

"Nós vamos esperar chegar 23, 24, pra se foder? Depois perguntar: por que que não tomei providência lá trás? E não é providência de força não, c*! Não é dar tiro. Ô PAULO SÉRGIO [Nogueira, ex-ministro da Defesa], vou botar a tropa na rua, tocar fogo aí, metralhar. Não é isso, p*!"

"Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar, ele vai vir falar para mim por que que ele não quer falar. Se apresentar onde eu estou errado, eu topo. Agora, se não tiver argumento pra me... demover do que eu vou mostrar, não vou querer papo com esse ministro. Tá no lugar errado."

Veja algumas falas de aliados de Bolsonaro durante reunião
Anderson Torres: "Estamos aí, Presidente, desentranhando a velha relação do PT com o PCC. A velha relação do PT com o PCC. Isso tá vindo aí através de depoimentos que estão há muito guardados aí... isso aí foi feito ó. Tá certo? Isso tudo tá vindo à tona. Isso não é mentira. Isso não é mentira. Então, muita coisa está vindo à tona aí. Muita coisa que a população é ... sabe, mas tudo precisa ser rememorado. Tá certo? Então, essa questão das urnas, essa questão dos inquéritos, nós montamos um grupo lá ? é ... é ... é ... O Diretor Geral da Polícia Federal montou um grupo de policiais federais. E agora uma equipe completa. Não só com peritos. Mas com delegados, com peritos, com agente..."

Paulo Sérgio Nogueira: “O que eu sinto nesse momento é apenas na linha de contato com o inimigo. Ou seja... na guerra, a gente é linha de contato, linha de partida. Eu vou romper aqui e iniciar minha operação. Eu vejo as Forças Armadas e o Ministério da Defesa nessa linha de contato. Nós temos que intensificar e ajudar nesse sentido pra que a gente não fique sozinhos no processo”
Augusto Heleno: Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições. E vai chegar a um ponto em que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro."

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