Mato Grosso do Sul tem assistido, atônito, ao crescimento dos casos de feminicídio. A tragédia que vitimou a jornalista Vanessa Ricarte mobilizou até mesmo a ministra da Mulher, Cida Gonçalves, que esteve no estado após a repercussão do crime e da divulgação dos áudios que mostram Vanessa clamando por ajuda na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. Sua visita incluiu reuniões para discutir melhorias no atendimento a vítimas de violência doméstica. Mas a impressão que dá, é que tudo não passou de “burburim”, explico:

Hoje, nos deparamos com outra notícia estarrecedora: 

"Ex-secretário condenado por morte de prefeita retorna a cargo público em Mundo Novo."

Não, você não leu errado. Jusmar Martins da Silva, condenado em 2003 por ser o mandante do assassinato da prefeita de Mundo Novo, Dorcelina Folador, voltou a ocupar um cargo na administração municipal. A nomeação para a Vigilância Sanitária, publicada no Diário Oficial em 17 de fevereiro, lhe garante um contrato até 30 de novembro e um salário de aproximadamente R$ 2,4 mil.

Dorcelina Folador foi mais do que uma prefeita. Militante do movimento pela reforma agrária e filiada ao PT, sua luta incomodava muita gente. Em 1999, seu destino foi selado de forma brutal: dez tiros na varanda de casa durante o segundo mandato. O crime teve a assinatura de Jusmar, aliado político e coordenador de sua campanha, condenado a 18 anos de prisão como mandante do homicídio.

Agora, pasmem!

A responsável pela nomeação de Silva é ninguém menos que a atual prefeita de Mundo Novo, Rosária (PSDB), eleita com 56,18% dos votos. Sim, uma mulher concedendo um cargo a um homem condenado pelo assassinato de outra mulher. Dá para acreditar?

Seria essa a homenagem da gestão municipal ao Dia Internacional da Mulher? Um presente de cinismo e desrespeito?

Sinto vergonha alheia.

À população de Mundo Novo, um alerta: não aceitem essa afronta. Não permitam que a memória de Dorcelina e de tantas outras vítimas seja desonrada dessa maneira.

Indignada,

Alcina Reis.