“Surreal: Vandalismo se Torna Passaporte para o Poder”

| Créditos: Reprodução/MPMT

Ah, que tempos gloriosos vivemos! A política brasileira, antes um campo de debates enfadonhos, agora se transforma em um espetáculo de entretenimento circense. Quem precisa de currículo ou estudo para governar quando se pode simplesmente pichar?

A mais recente inovação da nossa democracia é a ascensão do vândalo a possível estadista. Esqueçam a ideia de que um representante deveria entender de leis ou das necessidades da população. O futuro nos reserva a emocionante perspectiva de sermos liderados por quem demonstrou sua audácia e “espírito contestador” pichando monumentos públicos. Que upgrade!

Quem nunca se sentiu representado por um batom desfigurando o patrimônio alheio? Reduzir isso a vandalismo é ignorar o que, na verdade, é uma "performance artística". E nada como um bom ato de “arte urbana” para se tornar popular. Afinal, em tempos de likes, a polêmica é a nova moeda.

O infrator de ontem é o “outsider autêntico” de hoje. E o símbolo escolhido? Nada menos que a estátua do STF, um ícone da nossa frágil democracia! Que forma mais original de demonstrar apreço pelas instituições!

Enquanto me preocupava com jornais, a solução para renovar a classe política estava ali, ao alcance de um batom. Pichar para ser considerado – que lição valiosa!

Pichar é vandalismo. Uma escarrada no patrimônio público. Tentá-lo disfarçar de arte é uma piada de gosto duvidoso, ignorando o desrespeito à lei. E é esse vândalo que surge como possível líder político. Onde está a lógica nesse circo de horrores?

A política parece preferir o indivíduo que causou frisson, que acendeu a controvérsia, mesmo que seja um ato de desrespeito à democracia. Em que momento a fama, ainda que manchada pela ilegalidade, usurpou o lugar da ética e competência?

O cenário atual é uma pantomima. Políticos espertalhões manipulam vândalos como fantoches para inflar seus egos e chances de poder. A verdadeira manipulação vem dos bastidores, enquanto esses "líderes" de araque atraem votos com promessas vazias.

Enquanto cidadãos, devemos resistir a essa farsa política e exigir que nossos representantes sejam escolhidos pela capacidade de construir pontes, e não de incendiar instituições. Pichar uma estátua pode ter lançado um nome aos holofotes, mas será esse o legado que queremos? A resposta precisa ser um retumbante NÃO.

Independentemente da ideologia, VANDALISMO é VANDALISMO. E quem o pratica ou instrumentaliza para fins eleitoreiros merece nosso desprezo e rejeição nas urnas.

Por Alcina Reis, indignada com a palhaçada.

Jornalista Alcina Reis | Créditos: Arquivo pessoal

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