STF mantém sob sua supervisão investigação sobre venda de sentenças que atinge MS e prorroga Operação Sisamnes
- porJovem Pan
- 17 de Junho / 2025
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| Créditos: NELSON JR./SCO/STF
O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu prorrogar por 60 dias as investigações da Operação Sisamnes, conduzida pela Polícia Federal (PF). O caso apura uma suposta rede de venda de decisões judiciais e vazamento de informações sigilosas em tribunais de Mato Grosso, Tocantins e Mato Grosso do Sul, com indícios de que o esquema também teria alcançado gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A decisão atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou a existência de "elementos indiciários" que justificam tanto a extensão do prazo quanto a manutenção da competência do STF para supervisionar o inquérito. Segundo a PGR, a operação – cujo nome faz referência a um juiz corrupto da mitologia persa – identificou trocas de mensagens que sugerem o envolvimento de agentes públicos e políticos com foro privilegiado, inclusive no STF.
Zanin afirmou que a continuidade das apurações pode revelar "elementos denotativos de correlação com a dinâmica criminosa" em análise. Além disso, o ministro determinou a unificação dos autos da Operação Maximus, que investiga corrupção no Tribunal de Justiça do Tocantins e estava sob relatoria do ministro João Otávio de Noronha, do STJ.
Diálogos revelam possível vazamento de informações
A PF obteve conversas entre o prefeito de Palmas, José Eduardo Siqueira Campos (Podemos), e o advogado Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa. As mensagens, trocadas em junho de 2023, mencionam o ministro Noronha e sugerem vazamento de dados sobre investigações sigilosas, incluindo a Operação Maet, deflagrada em 2010 contra juízes do Tocantins.
Em um dos diálogos, o prefeito antecipou que a Operação Maximus seria deflagrada em agosto de 2024 – o que de fato ocorreu – e citou nomes de alvos. "Vai feder. Eu acho que tem desembargador que vai perder o cargo", disse Siqueira Campos. Em outra mensagem, ele afirmou: "Para os desembargadores (do Tocantins) eu já até sei quem é o relator, eu já até sei um outro cara duro, por sinal. O relator é Noronha, Brasília."
Thiago de Carvalho foi preso em 9 de abril, e a PF encontrou indícios de que ele e o prefeito teriam acesso a informações confidenciais de processos no STJ. Ambos negam qualquer irregularidade. Siqueira Campos afirma não ter "fontes privilegiadas" no Judiciário, enquanto a defesa de Thiago contesta a legalidade de sua prisão preventiva.
STF mantém prisão de advogado e rejeita pedido de liberdade
No mesmo despacho em que prorrogou a Operação Sisamnes e assumiu a Maximus, Zanin negou um pedido de soltura para Thiago de Carvalho. O ministro destacou a "gravidade de sua conduta e capacidade de exercício de influência, inclusive no âmbito do STJ".
A defesa do advogado argumentou que não há motivos para mantê-lo preso, já que ele é o único investigado em prisão preventiva no caso. O criminalista Luiz Francisco de Oliveira sugeriu a substituição da custódia por medidas alternativas, como monitoramento eletrônico. No entanto, Zanin manteve a decisão, afirmando que não há novos argumentos que justifiquem a revisão.
A investigação segue em andamento, com a expectativa de que novas diligências possam esclarecer a extensão do suposto esquema de corrupção no Judiciário.