Sonora registra tremores de terra e estudos preveem novos abalos no Pantanal até 2029
- porRedação
- 14 de Maio / 2025
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| Créditos: Reprodução/Centro de Sismologia da USP
A cidade de Sonora, em Mato Grosso do Sul, contabilizou dois tremores de terra em um intervalo de menos de 24 horas, ocorrendo no fim da noite de ontem (12) e na manhã desta terça-feira (13). Apesar dos eventos, ambos de baixa magnitude, não há relatos de que a população local tenha sentido os abalos.
De acordo com a geóloga e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Edna Maria Facincani, a ocorrência de sismos na região não é incomum. A especialista explica que o Pantanal e áreas próximas possuem uma bacia sismicamente ativa, caracterizada pelo acúmulo de sedimentos em processo de subsidência (afundamento). A área também sofre influência do Lineamento Transbrasiliano, uma falha geológica, e da compressão exercida pelas placas tectônicas de Nasca e Sul-Americana.
Ainda segundo a geóloga, são frequentes tremores de até 3.5 na escala Richter, como o registrado em Sonora. Dados do Centro de Sismologia da USP indicam que nove tremores de baixa magnitude já foram registrados no estado somente este ano.
Estudos apontam para a possibilidade de eventos mais intensos, com magnitudes acima de 4.0, ocorrerem no Pantanal entre 2028 e 2029. A estimativa da professora Edna Facincani se baseia em levantamentos históricos que abrangem o período de 1744 a 2023, revelando uma recorrência de tremores mais fortes a cada quatro ou cinco anos.
O monitoramento direto desses fenômenos teve início em 2003, com a instalação dos primeiros sismógrafos no estado. Registros históricos indicam que o sismo mais forte já ocorrido no Pantanal ultrapassou a magnitude de 5.0 em 1964. A partir de 2009, com a melhoria na qualidade e quantidade de dados, um tremor de 4.8 foi registrado na Nhecolândia, no Pantanal sul-mato-grossense. Em 2015, a mesma região foi atingida por um abalo de magnitude 4.0. O tremor mais recente com maior impacto ocorreu em 1º de março deste ano em Poconé (MT), com magnitude de 4.5, sendo sentido pela população local.
A professora Edna Facincani ressalta que, em Mato Grosso do Sul, os tremores tendem a ser imperceptíveis devido à baixa densidade populacional nas áreas afetadas. Quanto ao risco de futuros sismos causarem preocupação, a geóloga pondera que dependerá da profundidade do hipocentro e da densidade demográfica, fatores que demandarão avaliação de especialistas. Ela tranquiliza a população, afirmando que a estatística indica a necessidade de maior atenção apenas em casos de tremores que superem a magnitude de 5.5, reforçando que eventos de baixa magnitude são naturais e comuns no estado.
Em comparação com países como Estados Unidos e Japão, que se preparam para megaterremotos acima de 7.0, Edna Facincani explica que o contexto geológico e o movimento das placas tectônicas são distintos, não havendo reflexos desses eventos no Brasil e em outros países da América do Sul.