Sindicato denuncia sobrecarga de policiais penais em Campo Grande após fuga de detentos
- porRedação
- 06 de Março / 2024
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| Créditos: Henrique Kawaminami
Em um protesto pacífico realizado em frente ao Estabelecimento Penal de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho, policiais penais de Campo Grande expressaram sua preocupação com a sobrecarga de trabalho no sistema carcerário municipal. O evento, ocorrido na manhã desta quarta-feira (6), visava chamar a atenção para a necessidade de aumento no número de efetivos. A manifestação foi desencadeada pela fuga de dois detentos, Douglas Luan Souza Anastácio, de 33 anos, e Naudiney de Arruda Martins, de 32 anos, ocorrida na última segunda-feira (4).
Segundo André Santiago, presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Mato Grosso do Sul (SINSAPP/MS), a situação é alarmante: "Temos 6 mil presos no complexo penitenciário de Campo Grande para apenas 10 plantonistas, ou seja, uma média de 600 presos por policial penal."
Santiago destacou ainda que na unidade de segurança máxima, há somente 11 plantonistas para lidar com 2.400 detentos. Ele ressaltou que em um único pavilhão da instituição, há 900 presos sob a supervisão de apenas um policial penal, uma condição incomum mesmo se comparada a outros presídios do estado.
O presidente do sindicato também enfatizou a falta de monitoramento adequado nas instalações, afirmando que a fuga ocorreu em uma área desprovida de câmeras de vigilância e de agentes de segurança. Ele ainda apontou que o monitoramento por vídeo é realizado por apenas um policial penal, encarregado de supervisionar 64 câmeras, uma tarefa humanamente impossível.
A sobrecarga de responsabilidades dos policiais penais foi exacerbada pela absorção de mil policiais militares pela gestão, que anteriormente realizavam serviços de escolta em hospitais e outras atividades, sem que houvesse um aumento proporcional no número de policiais penais.
Em resposta às demandas do sindicato, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) afirmou que está em constante aperfeiçoamento do efetivo e do sistema de monitoramento, ativando a vigilância de mais uma torre da muralha com policiais penais armados 24 horas por dia. A agência também destacou investimentos em equipamentos de segurança, como viaturas novas, armas de fogo e modernização do sistema de monitoramento por câmeras.
Entretanto, o sindicato argumenta que tais medidas não são suficientes para garantir a segurança, especialmente em um estado fronteiriço como Mato Grosso do Sul, que serve como corredor para o tráfico de drogas. A fuga recente, segundo eles, evidencia a fragilidade do sistema carcerário estadual.