Reunião não chega a acordo, e indígenas mantêm acampamentos em área de disputa

| Créditos: Foto: Leandro Holsbach

Indígenas continuam acampados em frente à Terra Parambi/Lagoa Rica, área de disputa entre produtores rurais de Douradina, após uma reunião de mediação realizada nesta segunda-feira (22) na sede do Ministério Público Federal (MPF) em Dourados, a 251 quilômetros de Campo Grande.

O teor das conversas realizadas hoje não foi revelado à imprensa. No entanto, uma nova reunião foi agendada para a próxima segunda-feira (29). "Tentamos sinalizar alternativas para resolver a situação. Surgiram algumas hipóteses, mas nada foi fechado. As negociações continuam até o próximo encontro", afirmou o advogado Anderson Santos, representante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Mais cedo, manifestantes liderados pelo deputado federal Rodolfo Nogueira (PL) realizaram um protesto em frente ao MPF. “Invasão é crime” e “paz no campo” foram as principais frases exibidas em cartazes e faixas. A senadora Tereza Cristina (PP) também esteve presente no local.

“Os ânimos estão bem acirrados dos dois lados e a qualquer hora esse conflito pode explodir com mais violência. Estamos aqui para evitar que isso aconteça. Parece que é um indígena de Juti que está alimentando as ocupações contra a vontade do cacique da aldeia. Vários são contra a invasão”, afirmou Rodolfo.

Além da senadora e de Rodolfo Nogueira, participaram da reunião o deputado federal Marcos Pollon (PL), os deputados estaduais Coronel Davi (PL) e Gleice Jane (PT), e o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni. A mediação foi conduzida pelo procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida.

O ruralista Reinaldo Félix de Souza afirmou que uma das propriedades ocupadas é sua desde a década de 1970 e expressou preocupação com o plantio da safra. “O produtor precisa preparar a terra para a próxima safra, mas em área invadida não se pode entrar. Ainda há muita lavoura de milho para ser colhida, o que pode atrasar o plantio de soja e afetar a economia do município e do estado”, disse.

Entenda o caso: Na última semana, vídeos divulgados em redes sociais por entidades que defendem a causa indígena mostraram produtores rurais arrancando estacas usadas para montagem de barracos e caminhonetes circulando em volta de acampamentos.

Os dois lados se acusam mutuamente de incendiar a palha de lavouras de milho no entorno da Aldeia Panambi/Lagoa Rica. Equipes da Força Nacional permanecem na área para evitar confrontos.

Uma comitiva de representantes dos povos indígenas foi à região para averiguar essa e outras denúncias de violência. Entre os membros estavam representantes do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), MPF e lideranças estaduais, escoltados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

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