Por que o petróleo fechou em queda de cerca de 7% após o Irã atacar bases americanas?
- porInfoMoney
- 23 de Junho / 2025
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| Créditos: Neofeed
Os preços do petróleo intensificaram a queda durante esta segunda-feira (23) e fecharam em forte baixa, com os investidores minimizando o risco ao fornecimento de petróleo do Oriente Médio, mesmo após o Irã ter disparado mísseis contra uma base aérea americana no Catar, em retaliação aos ataques do fim de semana contra seu programa nuclear.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para agosto fechou em queda de 7,22% (US$ 5,33), a US$ 68,51 o barril. O Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 6,67% (US$ 4,96), a 70,52 o barril.
O movimento contraditório ocorre uma vez que as apostas são de que os ataques retaliatórios do Irã às bases americanas no Catar não desencadearão uma ruptura mais ampla, sendo apenas uma resposta que era muito esperada do Irã aos EUA nos últimos dias – e ela não foi tão extensa quanto temido.
O ataque com mísseis do Irã a uma base aérea americana também não causou vítimas, aumentando a esperança entre os investidores de que possa haver uma maneira de apaziguar o conflito.
Ao mesmo tempo, o Irã não tomou medidas para interromper o tráfego de navios-tanque de petróleo e gás através do Estreito de Ormuz, o que era visto como o grande temor do mercado e que poderia impulsionar de vez os preços do petróleo.
“Os fluxos de petróleo, por enquanto, não são o alvo principal e provavelmente não serão afetados; acho que será uma retaliação militar contra as bases dos EUA e/ou uma tentativa de atingir mais alvos civis israelenses”, disse John Kilduff, sócio da Again Capital.
As Forças Armadas do Irã informaram que lançaram um ataque com mísseis à Base Aérea de Al-Udeid, no Catar, onde as forças americanas estão instaladas. A Casa Branca e o Departamento de Defesa estavam monitorando de perto as potenciais ameaças à Base Aérea de Al-Udeid, disse um alto funcionário da Casa Branca à NBC News na tarde de segunda-feira.
Ambos os índices de referência da commodity estavam bem abaixo das máximas registradas durante a noite, após os EUA bombardearem três importantes instalações nucleares no Irã no fim de semana. O Brent subiu mais de 5% na noite de domingo, atingindo US$ 81, antes de recuar. O WTI também atingiu seus níveis mais altos desde janeiro, antes de recuar.
“O mercado está precificando um cenário em que as coisas se acalmem gradualmente”, disse Jorge Leon, chefe de análise geopolítica da Rystad Energy, ao programa “Worldwide Exchange” da CNBC na segunda-feira.
“O preocupante é que o outro cenário extremo, em que há uma ameaça de fechamento do Estreito de Ormuz, ainda é realista”, disse Leon. “As coisas podem piorar muito, muito rapidamente.”
No início do dia, Donald Trump, presidente dos EUA, exigiu que “todos” mantivessem os preços do petróleo mais baixos. Não estava claro a quem ele se dirigia, embora provavelmente estivesse pedindo à indústria petrolífera dos EUA que aumentasse a produção.
O Oriente Médio é responsável por cerca de um terço da produção global de petróleo bruto, mas ainda não houve sinais de interrupção nos fluxos físicos de petróleo, incluindo os de cargas que passam pelo ponto de estrangulamento do Estreito de Ormuz. Desde o início dos ataques de Israel, há indícios de que os embarques de petróleo iraniano do Golfo aumentaram, em vez de diminuir.
Para Robert Yawger, do Mizuho, o mercado de petróleo vê o ataque como um sinal de que a capacidade de resposta do Irã é ineficaz e que o país não está retirando petróleo do mercado.
Ele também minimiza as preocupações de que o Irã possa fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa um quinto do petróleo mundial. “Não acho que isso vá acontecer. De qualquer forma, seria um tiro no próprio pé; eles têm dois grandes clientes, Índia e China, e se fechassem o estreito, bloqueariam suas exportações para seus dois únicos clientes”, afirma Yawger.
O Bradesco lembra que, embora o Irã represente 3,1% da produção global de petróleo, sua importância estratégica é amplificada por sua posição no estreito, por onde transitam 20% do consumo global de petróleo, e por operar com capacidade de reserva limitada. “A análise de diferentes cenários indica que, sob condições atuais com danos limitados, preços próximos a US$ 70 por barril parecem sustentáveis”, aponta o banco.