Ibovespa tem quarta queda seguida, com Petrobras e bancos; Vale sobe e ameniza

| Créditos: Reprodução/Infomoney


O Ibovespa sentiu as tensões geopolíticas globais e caiu 0,41% nesta segunda-feira, aos 136.550,50, uma perda de 565,33 pontos. Podia ser pior, já que na mínima perdeu quase 1%, chegando a 135,8 mil pontos. Ajudou o fato de que em Nova York os principais índices subiram, apesar da alta volatilidade.

Petróleo pesa sobre os índices

Mas houve uma diferença crucial: enquanto lá, a queda ampla do petróleo internacional, que perdeu mais de 7%, ajudou os índices, por aqui foi o contrário.

O movimento contraditório da commodity – afinal, esperava-se uma explosão nos preços -, ocorre uma vez que as apostas são de que os ataques retaliatórios do Irã às bases americanas no Catar não desencadearão uma ruptura mais ampla, sendo apenas uma resposta que era muito esperada do Irã aos EUA nos últimos dias – e ela não foi tão extensa quanto temido.

A percepção manteve-se mesmo com sirenes sendo ouvidas também no Bahrein. No Iraque, as petroleiras evacuam trabalhadores dos campos. Por uma questão diplomática, o Irã avisou o Catar com antecedência – seguro morreu de velho.

Petrobras recuou

No Brasil, o caminho contrário se deu porque as ações de Petrobras (PETR4) desabaram 2,50%, muito sensível aos preços internacionais; e as petroleiras juniores foram pelo mesmo caminho, com PRIO (PRIO3) perdendo 0,71%, mesmo em dia de anúncio de previsão dobrada em 2026.

Corte de taxas e inflação global

Mas o cenário anda mais complexo. Nos EUA, contribuiu também o horizonte se abrindo para um ambiente propício para corte de taxas de juros por parte do Federal Reserve.

O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse que, até o momento, o aumento das tarifas teve um impacto mais modesto sobre a economia dos EUA em relação ao que era esperado. “Surpreendentemente, até o momento, o impacto das tarifas não tem sido o que as pessoas temiam”, e isso pode ampliar espaço para os esperados e desejados cortes.

Entretanto, a inflação segue uma preocupação. E a guerra só ampliou essa sensação. Tanto que Trump disse que “todos” devem manter os preços do petróleo baixos, em meio à guerra.

Recado dado nem sempre é recado compreendido e na Europa as ações caíram com os temores sobre a guerra. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que o crescimento na zona do euro poderá desacelerar em caso de uma nova escalada nas tensões comerciais globais e nas incertezas associadas.

Caio Megale, economista-chefe da XP, disse que “o grande risco do ponto de vista econômico é o inflacionário. É uma região bastante importante como produtora de petróleo. O petróleo pesa na inflação em vários países do mundo”.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que, diante desse cenário, medidas de mitigação como a política de preços da Petrobras são bem-vindas neste momento. “O preço do petróleo tende a subir. Nós vamos acompanhar de perto. Acho que algumas mitigações, como a política de preços da Petrobras, são bem-vindas nesse momento”, afirmou.

Mas no Boletim Focus, o mercado voltou a cortar projeção da inflação.

Com tudo isso, o dólar comercial caiu. Diante do real, pergunta-se se virou risco ou proteção para o investidor brasileiro. A baixa de hoje foi de 0,40%, a R$ 5,503.  Os DIs (juros futuros) oscilaram na sessão, sem força e mistos.

Vale sobe e bancos caem

No Ibovespa machucado pelo petróleo e pela Petrobras, os bancos ajudaram muito na derrota. Desceram em bloco: Bradesco (BBDC4) caiu 0,78%, Itaú Unibanco (ITUB4) perdeu 0,22%; Santander (SANB11) cedeu 1,19%. BB (BBAS3) desceu 1,22%, em dia que analistas cortaram preço-alvo devido à pressão do crédito rural – e que o banco fechou acordo quase bilionário.

B3 (B3SA3) também perdeu, com 1,62%, mas o quadro parece ser mais positivo para as ações brasileiras, com um grande banco elevando o Brasil para compra, com algumas ressalvas.

Sim, podia ser pior. Mas Vale (VALE3) fechou com ampla alta de 1,26%, com minério de ferro acelerando. Os varejistas conseguiram ganhos contidos, mas importantes, como Magazine Luiza (MGLU3), que subiu 0,68%. Atenção para Petz (PETZ3), que ganhou 0,75%, mesmo com questionamento no Cade da fusão com a Cobasi.

Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) aceleram 4,76% e 4,29%, respectivamente, com assembleia sobre a fusão sendo retomada já em julho.

Fora do índice, destaque para Méliuz (CASH3), que perdeu 1,14%, ao quase dobrar posição em Bitcoin.

Nesta terça-feira, todas as atenções para a Ata da reunião do Copom da semana passada, que elevou a Selic a 15%, e ao Oriente Médio. Os movimentos geopolíticos continuam. O que a Rússia vai fazer? Os EUA? O Irã? Os outros atores no Oriente Médio? É muita questão ainda sem resposta em um cenário bastante complexo. A história está sendo construída a cada dia. 

(Fernando Augusto Lopes)

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