Pesquisa revela que jovens brasileiros veem o futuro com medo, ansiedade e sensação de impotência
- porRedação
- 01 de Junho / 2025
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| Créditos: Divulgação/Neofid
Uma pesquisa recente, apresentada no Rio2C 2025 pelo movimento global Teach the Future Brasil (TTF), revela que a maioria dos jovens brasileiros, entre 18 e 28 anos, sente medo e ansiedade em relação ao futuro. O estudo "Da Futurofobia à Futurotopia" ouviu 689 pessoas e identificou que apenas 31% se sentem preparados para o que está por vir, enquanto 62% manifestam receio. Quase 80% dos participantes mencionam a ansiedade como sentimento predominante.
Esse fenômeno, conhecido como futurofobia, é mundial e se caracteriza pela exaustão da juventude com algo que sequer foi vivido. A futurista Rosa Alegria, codiretora do TTF e idealizadora do estudo, explica que, diferentemente do século 20, o século 21 tem "fechado as possibilidades de criação de novos mundos". O conceito de futurofobia, popularizado pelo espanhol Héctor García Barnés, sugere que acreditar em distopias e desconfiar de utopias pode levar a uma profecia autorrealizável.
A pesquisa aponta que o caos climático, incertezas econômicas, políticas, sociais e tecnológicas, além da vida digital e da busca por validação nas redes sociais, contribuem para esse sentimento de inadequação e esgotamento entre os jovens. No Brasil, o impacto da ansiedade é visível: os atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) por ansiedade entre adolescentes de 15 a 19 anos aumentaram 3.300% na última década.
Para os especialistas, a desesperança esvazia a curiosidade e a criatividade, que são essenciais para a inovação. A pesquisa também destaca o impacto da inteligência artificial na percepção do futuro pelos jovens. Embora a IA seja potencialmente transformadora, é vista como um sistema que prioriza velocidade e otimização, o que pode bloquear o desejo de construir novos sentidos. O futurista Carlos Piazza, um dos consultores do TTF, sintetiza que "a juventude está aprisionada no agora absoluto do algoritmo".
A boa notícia é que 87% dos jovens acreditam que imaginar o futuro em seus próprios termos pode ser aprendido, indicando que não há apatia ou desinteresse. Rosa Alegria defende que "aprender a imaginar o futuro não é um luxo criativo — é uma necessidade cognitiva, emocional e estratégica". Para isso, é fundamental que o sistema educacional, ainda focado no desempenho e na previsibilidade, se adapte para conectar os jovens com a temporalidade, promovendo a reflexão sobre o passado e a criação de futuros possíveis. O Teach the Future Brasil já aplica metodologias em escolas para estimular essa reflexão por meio de games, filmes e outras atividades, reforçando que "ensinar o futuro é tão importante quanto ensinar a história".
Apesar dos desafios, a mensagem é que o futuro, mesmo ameaçador, não pode imobilizar. A expectativa é que a juventude se reconheça como autora de seu tempo, transformando os medos e aflições do presente em ponto de partida para a inovação e um futuro desejável.
Fonte: Neofid