“Os segredos de Chita e o abacaxi de Beto Pereira”

Beto Pereira | Créditos: Foto: Ana Laura Menegat/ Midiamax

A política é uma arte perigosa, e quem se lança nela muitas vezes se vê navegando em águas turvas. David Cloky Hoffaman Chita, um nome que até pouco tempo soava como mais um despachante entre tantos, de repente se transformou no personagem central de uma trama que mescla corrupção, poder e medo. 

Foragido, com um mandado de prisão nas costas, Chita agora pede clemência à justiça, oferecendo delação premiada em troca de proteção – afinal, a sobrevivência no mundo sombrio da corrupção parece, de fato, ameaçada por fantasmas mais reais do que nunca.

Na sua proposta ao Ministério Público, Chita não se contenta com pequenas revelações. Ele mira alto, e o alvo não poderia ser mais emblemático: 

Beto Pereira, deputado federal e candidato a prefeito de Campo Grande, é acusado de ser o comandante de uma organização criminosa que, segundo Chita, desviava dinheiro do Detran-MS para financiar sua campanha eleitoral. 

Uma denúncia dessa não passa despercebida – nem para a justiça, nem para o eleitorado.

A história é quase cinematográfica. O despachante, temendo pela própria vida, contratou um advogado de fora do estado, mantendo-se nas sombras enquanto as acusações tomam o centro do palco. Ele promete provas, nomes, e os detalhes sórdidos de um esquema que, segundo ele, envolve servidores do Detran, empresários e políticos, todos unidos por um objetivo comum: o enriquecimento ilícito. 

E, claro, a manutenção do poder.

A delação de Chita revela repasses mensais ao deputado, uma quadrilha bem estruturada e até denúncias de assédio envolvendo um delegado. A política, nesse cenário, mais parece uma partida de xadrez em que cada movimento precisa ser calculado. Mas será que há tempo para salvar a candidatura? Beto Pereira terá que ser rápido e muito astuto para evitar que as acusações explodam de vez em suas mãos, ou então arriscadamente assistir sua campanha desmoronar diante dos olhos de um eleitorado cada vez mais atento.

Dizem que, na política, quem aponta o dedo precisa cuidar dos próprios telhados de vidro. E Beto, que durante a campanha tanto criticou seus adversários, agora vê o próprio castelo de cartas balançando perigosamente. Afinal, se há algo que essa história nos ensina é que a política não perdoa, e o tempo corre rápido, implacável, especialmente quando as eleições estão logo ali na esquina.

Agora o tucano se vê diante de um novo abacaxi. E esse, caro leitor, parece ser mais difícil de descascar do que os anteriores.

A pergunta que não quer calar: e Bolsonaro? 

Irá manter o apoio ao seu candidato tucano, caso as acusações se comprovem, aquele que forçou tantas resistências dentro do PL? O mesmo candidato que, de ficha já suja no Tribunal de Contas, carrega nas costas acusações de uso de dinheiro público para viagens futebolísticas e compra de votos com gasolina e cerveja. Agora, ele enfrenta algo muito mais grave e sério, e o tempo para que seja incidental à justiça e ao eleitorado é curto.

O que vem a seguir? Ninguém sabe ao certo. 

O que se sabe é que, nesta campanha, os ventos da política trouxeram mais do que promessas vazias. Trouxeram o gosto azedo de um abacaxi difícil de digerir.

Por Alcina Reis.

Jornalista Alcina Reis | Créditos: Conteúdo MS

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