O Ministério Público do Paraguai formalizou uma denúncia contra Miguel Ángel Insfrán Galeano, conhecido como "Tio Rico", apontado como o principal traficante do país e da região fronteiriça com Mato Grosso do Sul. O processo, desencadeado após 15 meses de sua prisão no Brasil, revela sua suposta participação em atividades ilícitas, incluindo narcotráfico e lavagem de dinheiro através de empresas e templos religiosos.

Capturado durante a Operação Ultranza PY, a maior investida contra o tráfico internacional de cocaína no Paraguai, "Tio Rico" foi detido em 9 de fevereiro de 2023 no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, e agora está sob custódia em uma prisão de segurança máxima em Asunción.

A denúncia, elaborada pelo promotor de Justiça Deny Yoon Pak, imputa a Insfrán diversos crimes, incluindo narcotráfico, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, demandando um julgamento público. O extenso documento, com 712 páginas, contém 17 perícias de dispositivos eletrônicos e celulares, além de 1.600 documentos e depoimentos de 90 testemunhas.

Segundo o promotor, "Tio Rico" desempenha um papel fundamental no esquema de transporte de grandes cargas de cocaína do Paraguai para países europeus, em colaboração com o uruguaio Sebastián Marset, que permanece foragido.

A denúncia também expõe a liderança de Miguel Ángel no "Clã Insfrán", onde seus irmãos José e Conrado estão detidos, e sua irmã Yolanda encontra-se foragida. José Alberto Insfrán Galeano, irmão do acusado, é pastor e figura proeminente em uma congregação evangélica, que possui propriedades na linha internacional com Mato Grosso do Sul, na área de Paranhos.

Além disso, Insfrán é suspeito de ser o mandante do assassinato do promotor de Justiça Marcelo Pecci, ocorrido em maio de 2022 na Colômbia. Pecci foi morto por atiradores enquanto desfrutava de sua lua de mel na Praia de Barú, em Cartagena das Índias, quando era um dos coordenadores da força-tarefa contra o crime organizado no Paraguai.