Uma onça-pintada foi atropelada na BR-262, na região do Buraco das Piranhas, em Corumbá. Este é o 20º registro de morte da espécie por colisão com veículos na rodovia entre a cidade e Miranda desde 2016, segundo levantamento do Instituto Homem Pantaneiro (IHP). O incidente reacende o alerta para os perigos que as rodovias representam para a fauna silvestre do Pantanal.

Entre maio de 2023 e abril de 2024, o Projeto Bandeiras e Rodovias do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) registrou a morte de 2.300 animais em um trecho de 350 km entre Campo Grande e a ponte do Rio Paraguai.  Tatus, anfíbios, jacarés e cachorros-do-mato estão entre as vítimas.

Apesar da aprovação do Plano de Mitigação de Atropelamentos de Fauna pelo DNIT em novembro de 2024, que prevê a instalação de cercamentos e passagens seguras para animais, nenhuma medida foi implementada até o momento.

Organizações como ICAS, IHP, Onçafari, Instituto Libio, Instituto SOS Pantanal e INCAB uniram esforços para  implementar soluções. Em setembro de 2024, criaram o Observatório Rodovias Seguras para Todos, com o objetivo de monitorar a implementação de medidas que reduzam os acidentes entre veículos e animais nas rodovias estaduais e federais de Mato Grosso do Sul, com foco nas rodovias MS-040, MS-267, BR-262, BR-163, BR-267 e vias no entorno de Bonito. O impacto da Rota Bioceânica e as concessões rodoviárias também serão avaliados.

"A implementação dessas medidas é crucial para a proteção da biodiversidade e a segurança viária", afirmou Arnaud Desbiez, presidente do ICAS. "Não é apenas uma questão ambiental, mas de segurança para todos os que utilizam essas rodovias".

A urgência na implementação de medidas de proteção é reforçada com a morte da onça-pintada. "É imprescindível que as iniciativas avancem do papel para a prática", destaca o texto. "Com a união de esforços e a priorização das medidas propostas, é possível construir um futuro mais seguro e equilibrado nas rodovias de Mato Grosso do Sul".

Vale ressaltar que, em 2021, foi lançado o Manual de Orientações Técnicas para Mitigação de Colisões Veiculares com Fauna Silvestre, com orientações práticas para a conservação e segurança nas estradas. No entanto, a falta de implementação ainda limita sua eficácia.