Um caso de suposta negligência médica na Santa Casa de Corumbá foi denunciado pela família de uma paciente de 28 anos, que passou por uma cirurgia considerada simples, mas que resultou em complicações graves. A mulher, que pediu para não ser identificada, quase perdeu a vida após a operação, realizada no dia 27 de julho de 2023, para tratar uma apendicite, segundo informações apuradas pela reportagem.

A paciente havia sido internada após sentir dores abdominais, e um exame realizado em um hospital particular diagnosticou uma infecção pélvica. Um mês antes da cirurgia na Santa Casa, ela havia se submetido a um procedimento em uma das trompas, visando a engravidar. Apesar do diagnóstico inicial, a equipe médica da Santa Casa indicou a necessidade de cirurgia para apendicite, diferente do que havia sido informado anteriormente.

De acordo com o prontuário médico acessado pela reportagem, a jovem foi operada no dia 27 de julho de 2023 pelos médicos Oséas Ohara e Gabriel Oliveira.

Após a cirurgia, a paciente começou a apresentar complicações no dia seguinte, com dores intensas, inchaço abdominal e secreção saindo pela incisão. O marido da jovem relatou que o médico responsável, Dr. Oséas Ohara, mencionou a possibilidade de transferência para Campo Grande caso o quadro não evoluísse, mas não explicou que havia ocorrido uma perfuração intestinal.

O marido continuou a descrever a deterioração do estado de saúde da esposa, que apresentou secreção com odor desagradável e sinais de infecção, mas não recebeu a devida reavaliação médica. "Desde o dia da cirurgia, nada mais foi feito. Apenas diziam que já tinham pedido a transferência", afirmou.

Após sete dias de internação sem atendimento adequado, a paciente foi finalmente transferida para um hospital em Campo Grande, onde foi diagnosticada com infecção generalizada e duas perfurações intestinais. A situação exigiu uma cirurgia de emergência, onde a mulher passou por várias intervenções ao longo de 20 dias, e ficou com o abdômen aberto por quase duas semanas.

Um dos médicos chegou a encaminhar uma carta aberta "a mãe da paciente

Os advogados da família, Paulo Kalif e Nelson Araújo Filho, estão movendo uma ação no Conselho Regional de Medicina (CRM-MS) e uma ação civil contra a Santa Casa e os médicos envolvidos, destacando a falta de atendimento adequado e a demora na transferência da paciente, que colocaram sua vida em risco. Eles afirmam que houve negligência, com um nexo claro entre a conduta dos médicos e os danos sofridos pela paciente.

Atualmente, a mulher continua a utilizar uma bolsa de colostomia e enfrentará novas intervenções cirúrgicas para tratar uma dobra intestinal diagnosticada recentemente. A família busca reparações financeiras, incluindo danos morais e o custeio de tratamentos futuros.

A reportagem deixa o espaço está aberto caso médicos e suas defesas queiram se pronunciar.