México realiza eleições Judiciais inéditas em meio a debates sobre independência

No ano passado, centenas de mexicanos se reuniram na frente do Senado para protestar contra a reforma no Judiciário | Créditos: Foto: Marian Carrasquero / The New York Times


O México realiza neste domingo (1º) suas primeiras eleições judiciais, um pleito histórico que colocará centenas de juízes, magistrados e desembargadores em disputa por cerca de 900 cargos federais, incluindo os nove assentos da Suprema Corte, e aproximadamente 1.800 cargos locais em 19 estados. Esta é a primeira fase de votação, com a segunda prevista para 2027.

A medida, resultado de uma reforma constitucional aprovada no ano passado durante o governo de Andrés Manuel López Obrador, visa, segundo seus apoiadores, democratizar os tribunais e combater a impunidade. No entanto, críticos expressam receio de que a eleição popular possa comprometer a independência judicial e torná-los vulneráveis a influências políticas ou criminosas.

O Novo Sistema e as Preocupações

Anteriormente, ministros da Suprema Corte eram indicados pelo presidente e aprovados pelo Senado, enquanto juízes federais eram selecionados por mérito. Agora, os candidatos federais serão eleitos pelo público, após serem avaliados por comissões dos três poderes. As regras proíbem financiamento público ou privado, e a promoção de campanhas é limitada a redes sociais e entrevistas.

Críticos alertam que, apesar da proibição de apoio partidário direto, a influência política pode ocorrer, incentivando eleitores a escolherem candidatos alinhados a seus interesses. Há também a preocupação de que partidos possam influenciar a seleção inicial dos candidatos, especialmente se um único partido controlar os poderes que supervisionam o processo.

Outra grande apreensão é a possível influência de grupos criminosos. Em eleições anteriores, cartéis mexicanos utilizaram a violência para afetar resultados, e há temor de que tentem dominar o judiciário, especialmente em nível local, oferecendo apoio a candidatos em troca de lealdade. Denúncias sobre a ligação de alguns candidatos com o crime organizado ou outras irregularidades foram apresentadas às autoridades eleitorais.

Divisão de Opiniões na População

Uma pesquisa do Pew Research Center revelou que 66% dos mexicanos aprovam a reforma judicial, com maior apoio entre eleitores do Morena e jovens. No entanto, a eleição enfrenta forte oposição, com ex-presidentes e organizações civis pedindo boicote ao pleito, enquanto a atual presidente, Claudia Sheinbaum, incentiva a participação popular no processo.

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