Mato Grosso do Sul é epicentro de terras do PCC, com 368 mil hectares bloqueados

Brasil diz que as facções não podem ser classificadas pela legislação do país como organizações terroristas, e sim como criminosas. | Créditos: ALEX SILVA/ESTADÃO CONTEÚDO


O Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa com atuação em 28 países, concentra parte significativa de seus investimentos em terras no Brasil – e Mato Grosso do Sul aparece como um dos principais alvos. No estado, 85 propriedades somando 368 mil hectares foram bloqueadas pela Justiça, em operações que investigam lavagem de dinheiro e logística do tráfico de drogas.

Além de MS, o grupo possui grandes extensões de terras em Mato Grosso e Pará, totalizando mais de 511 mil hectares apreendidos desde 2006. Destaque para uma única fazenda em MT, com 140 mil hectares, e para as 16 propriedades de Luiz Carlos da Rocha, o "Cabeça Branca", que acumulava 40 mil hectares nos dois estados. Segundo a Polícia Federal e o Coaf, o PCC movimenta entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões por ano.

Rota estratégica e domínio do crime

Mato Grosso do Sul não é apenas um polo de aquisição de terras, mas também um eixo crucial no tráfico internacional de drogas. O estado controla a rota boliviana, por onde a cocaína é escoada para o Brasil e Europa. A expansão do PCC no estado começou nos anos 1990, quando líderes como César Augusto ("Cezinha") foram transferidos de São Paulo e recriaram a estrutura da facção nas prisões locais.

Hoje, sob o comando de "Marcola", o grupo opera com um esquema empresarial, incluindo hierarquia rígida e divisão de tarefas. O promotor Márcio Sérgio, especialista no tema, afirma que o PCC exerce "poder de vida e morte" sobre o tráfico no país, impedindo que qualquer operação ocorra sem sua autorização.

Presença global e tentativa de monopólio

Com membros em 28 países, o PCC busca ampliar seu domínio, inclusive disputando rotas com outras facções, como o Comando Vermelho (CV). Enquanto autoridades reforçam bloqueios de bens, o poder financeiro e territorial do grupo continua crescendo, colocando Mato Grosso do Sul no centro de um dos maiores desafios de segurança pública do Brasil.

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