Investigação da Polícia Federal revela vínculo entre facção carioca e clube de tiro em Campo Grande

| Créditos: REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS/Correio do Estado

A Polícia Federal (PF) investiga um esquema de compra e transferência ilegal de armas envolvendo um clube de tiro de Campo Grande (MS) e uma facção criminosa do Rio de Janeiro. O inquérito, ao qual o Correio do Estado teve acesso, revela o uso de "laranjas" - pessoas de baixa renda registradas como Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs) - para adquirir armamento de grosso calibre, como fuzis 7,62 mm.

O Clube de Caça Golden Boar, alvo da operação da PF em 2022, é o centro das investigações. O clube já ostentou em suas redes sociais a proximidade com políticos como os deputados federais Marcos Pollon (PL-MS) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), além de artistas do sertanejo universitário.

Rodrigo Donovan de Andrade, apontado como operador do esquema, tem um passado ligado a roubos a bancos na modalidade "novo cangaço". Ele e sua ex-esposa, Ellen de Lima Souza Andrade, movimentaram mais de R$ 1,5 milhão em suas contas, além de realizarem diversas compras e transferências de armas e munições.

Um dos casos de "laranjas" identificados pela PF é o de Kessiene Vieira Pinheiro, moradora de um bairro periférico de Campo Grande. Apesar de ter uma conta de luz com aviso de corte por falta de pagamento, ela adquiriu quatro fuzis e quatro pistolas, totalizando R$ 118 mil. Kessiene é irmã de um integrante da facção Terceiro Comando Puro (TCP) e ex-mulher de um investigado por tráfico de armas.

A investigação também aponta para o papel de Mirella de Andrade, irmã de Rodrigo, no esquema. Mirella, também CAC, teria transferido armas para Kessiene. Algumas dessas armas foram encontradas com Narciso Chamorro, flagrado com armamento e coletes balísticos com a inscrição "Polícia Civil".

O caso será julgado pela Justiça Estadual, que entendeu não haver transnacionalidade para justificar o foro federal. O deputado federal Marcos Pollon, presidente do Movimento Pro Armas, não respondeu aos questionamentos do Correio do Estado. O clube de caça se defendeu afirmando que Narciso era apenas um prestador de serviços e que confia na Justiça para esclarecer os fatos.

Com informações do Correio do Estado

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