Eleições em Portugal: centro-direita é reeleita e esquerda tem derrota histórica

Luis Montenegro, primeiro-ministro e líder do Partido Social Democrata (PSD), gesticula durante um comício da coligação AD, antes das eleições antecipadas de domingo, em Lisboa, Portugal, 16 de maio de 2025. | Créditos: Reuters/Pedro Nunes


Com mais de 99% das urnas apuradas, a coligação de centro-direita Aliança Democrática (AD), do primeiro-ministro Luís Montenegro, que caiu em fevereiro, é a grande vitoriosa das eleições legislativas em Portugal neste domingo (18). A AD registra 32,7% dos votos, enquanto o Partido Socialista (PS) e o Chega, de extrema-direita, empatam na segunda colocação, com cerca de 23% cada.

Mais cedo, pesquisas de boca de urna já apontavam a vitória da centro-direita, e um embate ferrenho entre centro-esquerda e extrema-direita pelo segundo maior número de assentos no parlamento português.

“Vamos continuar a valorizar o trabalho e os rendimentos dos portugueses. A estimular o investimento. E, com isso, vamos criar mais riqueza para assim combater a pobreza e garantir prosperidade e justiça social”, falou Montenegro a apoiadores na madrugada de segunda em Lisboa, noite de domingo no Brasil.

O líder da AD também sinalizou um aperto maior nas regras de imigração, umas das bandeiras encampadas pela coligação de direita, embora com mais moderação em relação ao Chega.

“Vamos continuar a investir na juventude. Vamos continuar a salvar o Estado Social. Vamos continuar a levar a cabo mais regulação da imigração. Mais reforço da segurança. Vamos continuar a estimular a produtividade e a cultura de mérito”, falou Montenegro, finalizando com um tom de união: “Vamos ser, como sempre fomos, o governo para todos, todos, todos”.

Confira a distribuição de assentos no parlamento para cada partido faltando menos de 1% para totalização dos votos:

  • AD: 89
  • PS: 58
  • Chega: 58
  • Iniciativa Liberal: 9
  • Livre: 6
  • CDU: 3
  • JPP: 1
  • PAN: 1
  • Bloco de esquerda: 1

Socialistas os grandes derrotados; extrema-direita cresce

O maior derrotado do dia é o PS, de Pedro Nuno Santos, que registra o pior resultado desde a década de 1980, e o terceiro mais negativo de sua história. Em fala na sede do partido, Nuno Santos disse que deixará a liderança da sigla, citando “tempos duros e difíceis para a esquerda”.

Já os ultradireitistas do Chega comemoram o resultado, que eleva o partido à segunda maior força em Portugal, dividindo com o PS. “O Chega matou hoje o bipartidarismo em Portugal”, declarou o presidente do Chega, André Ventura, a jornalistas, logo após a divulgação das primeiras sondagens. “Obrigado por terem acreditado que era possível quebrar 50 anos de um sistema político sempre igual”, afirmou.

Novo governo

Com esses números, a AD dependerá de alianças para formar governo — cenário que já era previsto nas últimas pesquisas, reforçado pelas projeções da boca de urna.

Além da disputa política, um dos temas centrais da eleição foi a possibilidade de mudança nas regras para concessão da cidadania portuguesa. A AD, que lidera o atual governo, defende aumentar de cinco para até dez anos o tempo mínimo de residência para imigrantes solicitarem a nacionalidade, medida que pode afetar diretamente os mais de 500 mil brasileiros que vivem em Portugal.

Este foi o terceiro pleito legislativo em três anos no país, resultado de uma crise política contínua marcada pela renúncia do socialista António Costa em 2023 e pela queda do governo de Montenegro em março deste ano.

No entanto, ao contrário da última eleição, o pleito desta vez teve uma participação maior do eleitorado. Segundo dados oficiais, a a taxa de abstenção ficou em cerca de 35%, ante 40% no ano passado, e a mais baixa em 30 anos.

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