“Drive-Thru da Impunidade”

| Créditos: Reprodução/RedeTV/Vídeo

Em uma conversa com o deputado estadual Cel David (PL), o tema central era a proteção de crianças e adolescentes nas escolas. No entanto, como sempre acontece quando se fala de segurança pública, o debate tomou outros rumos. E então, entre dados e reflexões, o deputado trouxe um número impressionante: o Brasil já teve quase um milhão de audiências de custódia. E, dessas, cerca de 400 mil criminosos presos em flagrante saíram pela porta da frente.

 "É como se a Justiça tivesse virado um drive-thru do crime", comentou ele, com a franqueza de quem passou a vida combatendo a criminalidade.

A indignação se estendia à PEC da Segurança Pública proposta pelo governo federal, rechaçada por governadores e secretários da área. "Ela não ataca de frente o que causa insegurança no cidadão. Só queria interferir na autonomia dos estados", disse o parlamentar. Para ele, é preciso mais investimentos em prevenção, mas não apenas aquela que coloca mais policiais nas ruas. A prevenção real, segundo o deputado, está nas mudanças legislativas.

"Policial, promotor, juiz e muito menos a população aguentam mais ver criminosos reincidentes sendo presos, processados e soltos repetidamente. Quer reduzir o crime de verdade? Acabe com essa história de progressão de pena, que só serve para bandido rir da cara do brasileiro", afirmou.

O sistema judicial, segundo ele, virou um ciclo vicioso. A Justiça decreta 15, 20, 30 anos de cadeia, mas ninguém cumpre. Com a progressão de pena, a punição é diluída. "E ainda tem o desencarceramento. O bandido preso é tratado como coitadinho. As celas estão cheias? Construam mais presídios! É isso que o governo federal deveria fazer, ajudando os estados", argumentou.

No fim, a indignação do deputado se resumia em uma pergunta retórica: como cobrar eficiência das polícias se o próprio sistema insiste em tratar bandido com piedade? 

A PEC do governo não toca nesse ponto. Então, como resolver o problema? 

A resposta parece não estar no papel, mas na ação. Resta saber quando e quem tomará as rédeas dessa mudança.

Por Alcina Reis

Jornalista Alcina Reis | Créditos: Arquivo pessoal

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