Véspera de feriado em São Paulo e a Bolsa brasileira teve um dia positivo – ou algo do tipo. Isso porque o Ibovespa oscilou muito durante o dia e terminou perto da estabilidade, com mais 0,22%, aos 126.548,34 pontos, um ganho de pouco mais de 280 pontos. O dólar comercial também oscilou durante o dia, mas encerrou a segunda-feira com mais 0,25%, a R$ 5,47. E os juros futuros fecharam próximos das estabilidade.

Hoje, o Ibovespa foi impacto pelo noticiário corporativo, enquanto o campo político não ofereceu manchetes relevantes aqui no Brasil.

Lá fora, porém, os mercados europeus e mundiais acordaram com a surpreendente reviravolta eleitoral na França, que levou a coalização de esquerda e sair vencedora da eleição, pelo menos em números de parlamentares eleitos, mas insuficiente para uma maioria. A extrema-direita, tida como favoritíssima sete dias atrás, acabou na terceira colocação. Sem ninguém conquistando a maioria, a incerteza em um dois mais importantes países do mundo segue.

Ainda assim, é possível enxergar o copo meio cheio: “se as disputas políticas chegarem a um impasse total, algum tipo de governo tecnocrático seria o resultado provável. Esse seria um resultado benigno para os mercados”, disse Jamie Ross, gerente de portfólio de ações europeias da Janus Henderson Investors.

Ibovespa sobe com Petrobras
Líderes mundiais saudaram o resultado dos franceses, incluindo Lula aqui no Brasil, mas os olhos logo se voltaram para outra surpresa: o aumento do preço da gasolina anunciado pela Petrobras (PETR4). O Ibovespa, que vinha desenhando uma queda robusta, imediatamente respondeu, impulsionado pela alta de um dos seus pesos mais pesados – PETR4 terminou com mais 2,45%.

“A nova CEO [Magda Chambriard] entregou a mensagem transmitida durante a sua primeira interação com analistas de investimentos, na qual a estratégia de preços dos combustíveis foi reafirmada. Acreditamos que este foi um movimento importante, que acrescenta credibilidade à continuidade de outras políticas importantes, como a distribuição de dividendos e os padrões de governança corporativa, mesmo que um aumento já fosse esperado há muito tempo, na nossa opinião”, aponta o Morgan Stanley, para quem a nova gestão inicia o mandato com o pé direito na estratégia de preços.

O Goldman Sachs pondera que, “por um lado, continuamos a ver preços da gasolina abaixo da paridade internacional e com margens de crack spread – a diferença de preço entre um barril de petróleo bruto e um barril de combustível, um indicador das margens brutas – negativas”.

Reajuste impacta inflação

Há um “porém”, digamos, robusto. Analistas passaram a projetar o impacto disso para a inflação brasileira. Para Leonardo Costa, economista da ASA, o impacto total dos reajustes deverá ficar em 0,16 ponto porcentual, diluído entre as leituras de julho e agosto do IPCA. Com isso, ele elevou sua projeção para a inflação ao final do ano, de 3,9% para 4,0%. Na Quantitas, o economista João Fernandes espera impacto total dos reajustes ainda maior, de 0,21 ponto no IPCA deste ano. No BNP Paribas, a estimativa também é de impacto total de 0,21 ponto porcentual nas próximas leituras do IPCA.

As falas dos integrantes do governo ainda baseiam as incertezas. Segundo Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, “o mercado segue sensível às incertezas, apesar do tom mais positivo do governo. Mesmo assim, só temos discursos, nenhum número mostra que de fato o cenário mudou”.

Vale cai, WEG dispara

Os ganhos amplos de PETR4 foram negativamente compensados pela baixa também ampla de Vale (VALE3), com menos 0,79%, com o minério de ferro caindo com preocupações com demanda, além de estoques elevados. E pelos bancos, que caíram em bloco, com destaque para BB (BBAS3), com 1,65%, após rebaixamento por analistas; e Bradesco (BBDC4) fechou estável.

Os frigoríficos oscilaram, sempre com o olhar para baixo, após o Bradesco BBI reiniciar a cobertura e revisar suas estimativas para o setor de proteínas. BRFS (BRFS3) caiu 0,22%. E Zamp (ZAMP3) despencou 8,70%, com aumento de capital.

Petrorecôncavo (RECV3) e 3R Petroleum (RRRP3) caíram 0,67% e 1,40%, após passarem boa parte da sessão no azul, com acordo para dividir infraestrutura de gás na Bacia Potiguar. O petróleo negativo lá fora pesou.

Mas PETR4 não fez sozinha o trabalho de elevar o IBOV. Embraer (EMBR3) decolou 2,29%, com banco vendo mais potencial para as ações, e as aéreas também contribuíram, especialmente Azul (AZUL4), com 4,99%. WEG (WEGE3) disparou 5,40%, com analistas elevando recomendação para a ação.

O feriado-que-não-é-feriado na Bolsa paulista terá como ponto de atenção as falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, no Congresso norte-americano. O executivo fala amanhã no Senado e quarta-feira (10) aos deputados de seu país. “O mercado vai ficar de olho se ele vai dar algum sinal da trajetória da política monetária nos Estados Unidos”, comentou Jennie Li, estrategista de ações da XP, que participou hoje do Morning Call da XP. Então, nada de folga marota: é preciso estar atento, caso alguma surpresa surja em pleno feriado. (Fernando Augusto Lopes)

Confira as últimas dos mercados

Fechamento dos demais índices brasileiros
Índice    Dia (%)    Pontos
Small Caps    SMLL    -0,52    2.094,02
BDRs    BDRX    0,17    19.919,06
Fundos Imobiliários    IFIX    0,17    3.347,36
update
17h15
Ibovespa fecha com alta de 0,22%, aos 126.548,34 pontos
Máxima: 126.551,30
Mínima: 125.613,54
Diferença para a abertura: +281,29 pontos
Volume: R$ 19,60 bilhões
Confira a evolução do IBOV durante a semana, mês e ano:

Segunda-feira (8): +0,22%
Semana: +0,22%
Julho: +2,13%
3T24: +2,13%
2024: -5,69%

Dólar comercial termina dia com alta de 0,25%
O dólar interrompe uma série de três quedas frente ao real, em movimento similar ao da divisa norte-americana na comparação com as principais moedas do mundo, que ficou com o DXY em alta 0,13%.

Venda: R$ 5,476
Compra: R$ 5,475
Mínima: R$ 5,456
Máxima: R$ 5,494
17h03
Principais índices em Nova York encerram o dia de forma mista e sem força
Investidores em Nova York pouco se movimentaram, no aguardo de uma semana que deve ser pesada. Amanhã e quarta-feira, Jerome Powell, presidente do Fed, falta aos congressistas norte-americanos, enquanto na quinta-feira (11) sai o CPI (inflação ao consumidor) de junho, para ajudar a orientar o banco central na questão da política monetária. O mercado que saber se há chance de começar o ciclo de baixa já em setembro.