Em uma reviravolta impactante no caso que chocou o país, o ex-policial militar Ronnie Lessa, atualmente detido na Penitenciária Federal de Campo Grande, lançou luz sobre o mandante do assassinato brutal da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em março de 2018, no Rio de Janeiro.

Lessa, dirigiu-se à Superintendência da Polícia Federal de Campo Grande, localizada na Vila Sobrinho, durante extensas sessões, ele foi interrogado por agentes federais vindos do Rio de Janeiro.

O conteúdo da delação, revelado nesta terça-feira (23) pelo Intercept Brasil, identifica Domingos Brazão como um dos supostos mandantes do crime. No entanto, vale destacar que o acordo ainda está sujeito à homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma vez que Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, goza de foro privilegiado. A defesa do conselheiro nega veementemente qualquer envolvimento como mandante do atentado.

Conforme apurado pelo Intercept Brasil, a motivação por trás da suposta orquestração do atentado por Domingos Brazão seria uma possível vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo Psol e atual presidente da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), hoje filiado ao PT. Brazão ficou afastado do cargo por quatro anos após ser preso em 2017 na Operação Quinto do Ouro, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, sob a acusação de receber propina de empresários.

Desde sua transferência para Campo Grande, Ronnie Lessa tem sido alvo de três operações da Polícia Federal, que investigam contrabando de componentes de armas de fogo e jogos de azar.

A Polícia Federal de Campo Grande, ao ser questionada sobre a delação, limitou-se a declarar que o caso não está sob sua jurisdição, sem oferecer comentários adicionais. O desdobramento dessa delação promete lançar novas luzes sobre um dos crimes mais emblemáticos da recente história brasileira.